quinta-feira, 25 de agosto de 2011

É PRECISO DISCUTIR UM NOVO MODELO DE CIDADE

As eleições municipais serão em outubro de 2012, mas as articulações políticas já começaram através das ações dos partidos políticos. Formação de nominatas de candidatos a vereador, possibilidades de alianças na composição da majoritária para prefeito, as candidaturas ligadas ao governo já ensaiam o fisiologismo no uso da máquina pública, entre outras ações. A maior parte da população não se envolve, fica como sempre, alienada de todo este processo, só participando efetivamente na hora do voto.
As conversas envolvendo os partidos abordam acordos para cargos, preocupação com o tempo de televisão, esquemas nebulosos de cooptação de possíveis candidatos, venda de candidaturas, venda de legendas partidárias, a busca do financiamento privado para as doações, enfim, aquele vale-tudo que se repete todo ano.
Não se vê uma discussão efetiva sobre o futuro da cidade. Isso parece não importar no momento. O importante é atingir o poder e qualquer acordo, qualquer maracutaia e qualquer apoio político e financeiro são considerados bem vindos.
O planejamento do futuro da cidade, um projeto de desenvolvimento, envolvendo políticas públicas em áreas essenciais como saúde, educação, saneamento, habitação, meio-ambiente e geração de emprego e renda são absolutamente ignorados pelos partidos e candidatos conservadores.
A discussão em torno deste modelo de gestão pública implantado há mais de vinte anos nesta cidade, pelos mesmos políticos que tornam a disputar a eleição, ou de forma direta ou através de seus indicados não faz parte da agenda política. Será que ele foi benéfico para a cidade? Deu os resultados esperados ?
Basta olhar para nossa cidade e perceber que a resposta não é satisfatória.
Faltou transparência com a montanha de dinheiro público que esteve disponível nas mãos destes administradores ao longo destes anos. Inúmeras denúncias de corrupção jamais foram apuradas. Houve um aprofundamento da desigualdade social com conseqüente aumento da violência e da criminalidade. O enriquecimento claro desta elite que governou a cidade e quer continuar governando salta aos olhos de todos. Só não enxerga quem não quer. Cabo Frio parece um “laranjal”.
A população precisa entrar neste processo de discussão. Precisa ser estimulada. Precisa estar mais atenta as decisões políticas tomadas que impactaram e vão impactar ainda mais suas vidas e o futuro de suas famílias.
Esta insatisfação que está presente nas ruas precisa ser transformada numa resposta para ser dada a estes postulantes, que ora são adversários, ora são aliados, dependendo de suas conveniências pessoais, sem levar em consideração o interesse público e coletivo.
É preciso romper este modelo de gestão e estas práticas políticas que apequenam o debate de idéias, tão importante num processo eleitoral. A campanha política não pode ser pautada em cima das candidaturas com maior poder econômico. È preciso um olhar mais abrangente, observando com mais atenção todas as alternativas presentes no espaço político.
Isso é de responsabilidade de todos nós. O voto do cidadão que ganha um salário mínimo vale a mesma coisa do voto do grande empresário. Os interesses é que são diferentes. A necessidade de atenção do poder público também.
Não adianta criticar políticos e a política se continuarmos elegendo os mesmos para tomar as decisões em nosso lugar. Toda generalização é injusta. Tem muita gente boa e honesta atuando politicamente, comprometidas com um processo verdadeiro de mudanças. A sociedade, principalmente os seguimentos mais organizados, precisa ter a coragem e a ousadia de apostar num novo projeto de cidade para Cabo Frio, não mais feito de cima para baixo, mas que envolva a participação coletiva de toda a população.
Cabo Frio tem um orçamento extraordinário, um grande potencial turístico e gerador de renda que precisa ser melhor aproveitado, belezas naturais e um patrimônio histórico e cultural que poucas cidades possuem. Pensar sobre tudo isso é tarefa de todos nós.


Cláudio Leitão é economista, propagandista, dirigente sindical e presidente do diretório municipal do PSOL em Cabo Frio.

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