terça-feira, 12 de julho de 2016

ELEIÇÃO É RENOVAÇÃO !


ELEIÇÃO É RENOVAÇÃO !


O descrédito e até o asco que uma grande parte da população brasileira sente em relação à classe política tem uma causa que eu considero óbvia: grande parte das elites político-partidárias, nos níveis municipais, estaduais e federais, mantém-se no poder desde longa data ou elege seus familiares ou apadrinhados ao longo do tempo.

Desse modo, uma mesma família ou um mesmo grupo político pode manter-se no poder por dez, vinte, trinta, quarenta anos ou mais, sem qualquer contestação mais incisiva e inviabilizando a renovação da política e do modo de fazer-se política.

No meu entender, a permanência no poder desse tipo de político e a transformação da política democrática em uma luta por poder pelos partidos políticos leva também à ineficiência e à corrupção nas administrações públicas, na medida em que é exatamente essa política de oligarcas, com seu compadrio e apadrinhamento, que, ao permitir a permanência no poder de uma mesma família e dos mesmos grupos políticos, inibe o surgimento de novas alternativas que possam não apenas oferecer novos modos e novas práticas de fazer-se política, mas também fiscalizar as práticas políticas dessas famílias e desses grupos que desde longa data estão no poder.

Se eu estiver minimamente certo, então somente a renovação da política por meio das eleições pode levar à renovação das nossas instituições, das práticas políticas e dos políticos nossos representantes.

As eleições têm esse indiscutível sentido e apelo por renovação. É obvio que, por um lado, elas escancaram o lado sujo e podre da política, a saber, a tentativa de manutenção das mesmas elites, das mesmas famílias, dos mesmos grupos políticos, as alianças imorais apenas para se conquistar mais cargos e influência, as conexões com grupos econômicos privados, etc.; por outro lado, elas deixam explícito que qualquer transformação mais efetiva de nossa sociedade depende de que nós, eleitores e cidadãos, possamos renovar a vida política nacional, especificamente por meio da escolha de novos representantes.

Novos no sentido de candidatos fichas limpa, comprometidos com causas sociais e com a moralização das instituições públicas; novos no sentido de que ainda não ocuparam cargo público ou de que, caso tenham ocupado, trabalharam honesta e dignamente pelo bem-estar da sua cidade, do seu estado, do seu país.

Pensar na novidade, renovar velhas práticas, velhas tradições e velhos atores políticos – eis o grande desafio que se nos apresenta.

Substituir políticos corruptos ou ineptos – eis a nossa necessidade mais urgente.

Como podemos apostar naqueles que, em sua vida pública, revelaram-se corruptos ou ineptos? É uma estupidez, um contrassenso.

Eles precisam ser defenestrados da vida pública, sob pena de regredirmos ainda mais do que já regredimos. Novos políticos precisam surgir, novos políticos surgem, e nós precisamos apostar neles.

Eles podem representar uma mudança de rumo das instituições políticas. Eles podem democratizar e levar a um nível mais alto de qualidade a política que nós temos, que nós queremos, que nós pela política se decide nosso destino, de nossos concidadãos, de nossos filhos.

Nela se decide não apenas o dia de hoje ou o próximo amanhã, mas uma década ou mais. E uma década perdida equivale a várias gerações prejudicadas em suas expectativas por justiça e acolhimento.



Leno Danner é doutor em filosofia e professor de sociologia da UNIR.


3 comentários :

  1. Bom retorno Leitão. Melhor seria se as pessoas lesse com atenção esse artigo desse professor. A mudança está ao alcance do voto, deveria ser mais simples, mas o povo sucumbe aos interesse pessoais e a força do dinheiro sujo de políticos vigaristas. Luta que segue !
    Paulo Campos.

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    1. Exato meu caro, infelizmente como dizia Brecht "A fome vem antes da ética".
      Leia-se "fome" no sentido de todas as necessidades e negação de direitos fazendo uma atualização da frase.
      Abraço.

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