Escrito por Gilvan Rocha
04-Jan-2011
Marx e Engels, no Manifesto Comunista, referem-se ao lumpem-proletário, camada social hoje chamada de "os excluídos", como o segmento que, dado seu estado de indigência e de desespero, estaria disposto a se vender por um prato de lentilha.
Foi justamente nesse extrato social que o partido nazista de Hitler foi recrutar os seus militantes para armá-los e adestrá-los no ofício de praticar assassinatos, promover pancadarias, dissolver manifestações políticas da classe operária, impor o terror a serviço da extrema direita. Esses agrupamentos paramilitares nazistas eram mantidos pelos capitalistas alemães que temiam um possível avanço das forças socialistas.
Diante do quadro de crise econômica e social existente naquele país e usando dos mais reprováveis métodos de ação, o nazismo conseguiu chegar ao governo e, logo após, ao poder, através do processo eleitoral que foi seguido de um golpe com o incêndio do parlamento, o Reichstag. Estava assim implantada a mais exacerbada forma de contra-revolução, e ela haveria de tentar estender os seus tentáculos por toda a Europa e, daí, para o mundo.
Não foi somente nesse episódio político que a massa lumpesina foi utilizada para fins políticos e, de uma forma ou de outra, sempre em favor dos interesses do capitalismo. Aqui no Brasil, não se deu a exploração dos excluídos para fins políticos, pela extrema direita. Não. Aqui, como na Argentina de Juan Perón e seus "descamisados", tivemos a utilização do lumpem-proletário pelo populismo, através do Bolsa Família, a um custo razoável, tomando-se como referência as grandes cifras que representam os lucros da burguesia. Construiu-se, então, um reduto eleitoral capaz de tornar vitorioso o populismo, como testemunham a recente disputa eleitoral e os altos índices de aprovação do governo Lula.
Tem-se, assim, numa ponta, um povo alegre gozando a "felicidade dos inocentes". Na outra ponta, mais alegre e consciente, está a burguesia, que "nunca antes, na história deste país", gozou de tanta tranqüilidade e fartos lucros.
Gilvan Rocha é presidente do CAEP- Centro de Atividades e Estudos Políticos.
Blog do autor: http://www.gilvanrocha.blogspot.com/.
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