sábado, 26 de março de 2011

A CRÍTICA COMO ELEMENTO DA CIDADANIA

Um fato que chama atenção aqui em Cabo Frio quando se analisa os ‘grupos” que passaram e estão no poder é a dificuldade que eles têm em lidar com as críticas que são feitas pelos vários seguimentos da sociedade que não compartilham com a forma de como é administrada a cidade.
Na grande maioria das vezes, a resposta que é dada não é em cima dos argumentos utilizados, mas sim, buscando uma tentativa de desqualificar o seguimento ou o cidadão que fez as criticas, principalmente, quando a crítica é feita de forma evidente e contundente, não deixando dúvidas a razão, como por exemplo, as que têm sido feitas a qualidade do atendimento da saúde pública em nosso município.
A tentativa de calar a opinião pública exercendo controle sobre as rádios, TVs e jornais, usando para isso o grande poder econômico de maior anunciante é um fato consumado. Mostra a falta de capacidade de dialogar com a opinião contrária e o viés autoritário que vem marcando os últimos governos da nossa cidade.
Alguns “mandatários de plantão”beiram ao ridículo, quando alegam que a critica é feita por quem não ocupa nenhum cargo público ou não tem votos, como se o cidadão comum não tivesse o direito e a capacidade de fazer criticas sobre qualquer fato referente a administração pública.
Outro argumento muito utilizado por eles para desqualificar a crítica é dizer que o crítico não tem nenhum “trabalho” realizado em prol da comunidade. O “trabalho” referido é sempre atividades assistencialistas, feitas nas brechas deixadas de propósito pelo Poder Público, usurpando a cidadania daquele cidadão mais humilde e vulnerável a essas práticas, muitas vezes feitas com dinheiro público desviado, quando não, patrocinado por algum empresário que depois, certamente, vai cobrar esta conta.
Com a chegada das rádios e TVs alternativas ou comunitárias, redes sociais, twiter, e principalmente dos blogs, este contexto crítico legítimo ganhou novos contornos e dificultou para os governantes o uso da força política para esconder fatos e denúncias de nossa população.
Este fato ocorre de forma clara em nossa cidade. Blogueiros e programas de rádio e televisão que não se alinham com o governo são, sistematicamente, combatidos e desqualificados.
No meu caso específico, outro dia fui chamado de oportunista por um vereador insatisfeito por uma critica feita a Câmara de Vereadores, durante o Programa Cidadania e Socialismo que apresento pela JovemTV.
Devo ser um oportunista bem idiota, pois milito politicamente num pequeno partido de esquerda e socialista, que contesta o atual modelo de gestão pública, que não admite coligação visando apenas cargos, que não tem dinheiro para fazer campanha, que não aceita doações de empreiteiras e concessionárias de serviços públicos, que trabalha desde os 15 anos de idade e nunca teve “boquinhas” na administração pública.
De minha parte, posso garantir que não vou me abater. Vou continuar na luta fazendo o enfretamento com estes “grupos”, buscando mudanças que possam trazer mais transparência e ética nas práticas políticas, embora reconheça a dificuldade conjuntural deste momento de refluxo dos movimentos sociais de massa.
A política, hoje, infelizmente, vive sob a égide da corrupção e do poder econômico, mas não pode ser motivo de desculpas para cruzarmos nossos braços.
É preciso continuar estimulando as pessoas de bem a participarem da vida pública.
Tudo na nossa vida depende de decisões políticas, usando o sentido mais amplo da palavra. Mesmo aquele cidadão que se sente menos impactado por qualquer decisão governamental tem o dever social de ter responsabilidade com o coletivo da sociedade. Não é possível construir uma nação sem estes valores.

“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.”
Martin Luther King



Cláudio Leitão é economista, propagandista, dirigente sindical e presidente do diretório municipal do PSOL em Cabo Frio.

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