domingo, 26 de junho de 2011

PORQUE CONTINUAR NA MILITÂNCIA POLÍTICA ?

Alguns amigos e familiares, volta e meia, me perguntam do por que insistir na militância política por um partido pequeno, de esquerda e socialista que tem a pretensa proposta de romper com o modelo vigente, dada as condições pragmáticas e pouco republicanas de se fazer política nos dias de hoje. Alegam também que a população de uma maneira geral coloca todo mundo que participa do ambiente político na vala comum e não reconhece nesta “geléia geral” pessoas que realmente pretendem defender verdadeiramente o interesse coletivo.
A resposta que dou é sempre inspirada numa frase de um cidadão que admiro muito: Frei Betto. “ Posso não ficar para a colheita, mas insisto em morrer semente.”
Este é o sentimento que me move. Compreendo a dificuldade das pessoas de acreditarem que possa ter pessoas bem intencionadas participando do enfrentamento político. Há várias pessoas sérias na luta política dando exemplo todo dia. A grande mídia divulga pouco estas pessoas, por isso, requer por parte dos cidadãos um esforço maior em busca destas informações. Há também pessoas que preferem a crítica fácil, de que todos são iguais sem ter a mínima vontade de antes de emitirem pareceres gerais se aprofundar um pouco na análise e conhecimento do histórico do postulante a cargo público eletivo. Toda generalização é tremendamente injusta.
Outros tentam ridicularizar tal militância, entendendo que só deve participar do jogo político quem tiver a certeza de uma boa votação, reduzindo o conteúdo político apenas a questão eleitoral. Não reconhecem que a provocação de um debate mais amplo de temas podem favorecer e contribuir para a elevação da cidadania e do nível de informação da sociedade.
São muros altos que normalmente fazem muitos desistirem. Tenho presenciado a capitulação de vários companheiros nesta luta. Lamento muito estas perdas. Entretanto, quero dizer a estas pessoas que tais muros e dificuldades jamais me impediram de continuar minha luta por mudanças. Quer acreditem ou não vão me encontrar participando da vida política da cidade que escolhi para viver, independente das “armas e instrumentos” que estiverem disponíveis para esta atuação.
Resultados negativos sob o ponto de vista eleitoral não vão me abater. Gozações, piadinhas, maledicências, menos ainda. Sou maior que estas coisas. Não tenho pretensão de realização pessoal na política. Repito: o que me move é o sentimento coletivo.
Se quissesse trilhar um caminho fácil, e convites não faltaram para isso, não estaria no PSOL, na trincheira ao lado dos trabalhadores, categoria ao qual me orgulho de pertencer. Cargo público para mim tem que estar associado a um processo de avanços e mudanças que possam trazer melhoras para a sociedade de maneira geral, mas preferenciamente, ao conjunto da classe trabalhadora.
Não me vejo militando na estrutura conservadora dos grandes partidos, onde a subserviência à manutenção do status quo é total. Eles não querem mudar nada. Prometem e não cumprem, e a população anestesiada os reelege para mandatos sucessivos de obediência ao grande capital e interesses privados.
Voltando a frase do Frei Betto, alegra-me saber que já deixei algumas sementes: Na minha família e filhos, no sindicato regional que fundei e participo, na federação nacional da minha categoria profissional que fundei e fui presidente e também em algumas pessoas que ajudei e encaminhei.
Espero também deixar alguma semente no campo político. Me recuso a abandonar meus sonhos e minhas utopias a despeito da opinião e da descrença de muitos.

“ Temos que opor ao pessimismo da razão o otimismo da vontade.”
Antonio Gramsci

Cláudio Leitão é economista, propagandista, dirigente sindical e presidente do diretório municipal do PSOL em Cabo Frio.

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