terça-feira, 25 de outubro de 2011

PRECISAMOS BUSCAR ALTERNATIVAS

O noticiário dos últimos dias tem trazido à luz duas situações marcantes. A primeira trata da continuidade dos escândalos de corrupção no Brasil. A mais recente no Ministério dos Esportes comandada pelo PC do B. A segunda trata das manifestações globais em 85 países questionando o modelo econômico neoliberal e suas políticas de arrocho contra a população mais pobre.
O elo de ligação é a ação predatória do “grande capital” que se propõe a angariar lucros a qualquer preço e sob quaisquer condições.
O modelo capitalista de produção, inegavelmente, produz riqueza, entretanto, ela se torna propriedade de poucos. Menos de 1/3 de população mundial desfruta do que é produzido, em detrimento de mais de 2/3 que vive “a mingua” desta acumulação. Esta é a regra do jogo que estamos jogando preferencialmente há 200 anos.
Estas recentes manifestações no mundo mostram a saturação do modelo e representam um processo inicial. É apenas a ponta do iceberg.
É crescente o número de marginalizados no mundo. É crescente, inclusive, nos países mais industrializados e desenvolvidos.
O grande capital só aceita perder riqueza e dinheiro quando é para salvar o próprio sistema. Dominam os governos nacionais e usam também o dinheiro público para salvar bancos e grandes conglomerados de empresas como fizeram em 2008/2009, onde o “trio”, EUA, Japão e União Européia investiram 13 trilhões de dólares de dinheiro público para evitar a derrocada do sistema.
Quando a questão é o drama social destas populações marginais, a palavra de ordem é ARROCHO, por que não há recursos disponíveis para “estas demandas”. Vide caso da Grécia, Espanha, Irlanda e alguns países do leste europeu. E olhe que não estou citando as situações calamitosas da África e do Sudeste Asiático que contém outros componentes históricos.
Vejo com alegria as tímidas manifestações recentes de marchas contra a corrupção que aconteceram em várias capitais brasileiras.
Entretanto, cabe aí nova reflexão. Estas pessoas que estão nestas marchas votarem em quem? È comum ver pessoas criticando o modelo e a corrupção, mas votaram nos agentes políticos ou em seus herdeiros que são participantes destas quadrilhas que desviam o dinheiro público e são responsáveis pelas mortes nas filas dos hospitais e pela falta de políticas públicas na educação que levam milhares de crianças para a marginalidade e prostituição.
É argumento comum, estas pessoas dizerem que político é tudo igual e que partidos políticos representam a mesma coisa. Usam a generalização para balizarem suas convicções. Nada mais errado e injusto com vários lutadores sociais que embora em minoria nesta luta, diariamente, estão na outra trincheira e muitas vezes sem nenhum reconhecimento.








Não basta apenas protestar. Precisamos ter a ousadia e a coragem de buscar alternativas. A mudança do modelo econômico e das práticas políticas depende de nossa capacidade de entender que dentro deste processo de democracia de massas somente através do voto consciente podemos alterar este quadro. A outra alternativa seria um processo revolucionário de rompimento institucional que no momento atual se inviabiliza pela total falta de condições objetivas.
A maior responsabilidade deste voto consciente está na sociedade civil organizada e nas pessoas que dispõem de meios de apurar a sensibilidade e separar “o joio do trigo”. Mas tem que querer de fato. Assumir esta tarefa e parar de apenas responsabilizar o sistema e os que participam dele. O voto nulo é uma alternativa democrática, mas não vai mudar nada, pelo contrário, sempre favorece aqueles que estão fraudando o processo com o apoio do grande capital e se beneficiando do voto dos incautos, dos excluídos, e daqueles que não dispõem dos meios de informação para formar uma massa crítica e entender o contexto político que os cercam.
Na nossa cidade, por exemplo, há vinte anos que conjugam o verbo “roubar” em todas as formas e tempos. Muita gente reclama nas ruas, bares, cafés, filas de banco, supermercados, blogs e outros lugares menos votados, mas nada muda. Elegem sempre os mesmos ou seus respectivos herdeiros políticos. Querem mudar o que?
As práticas políticas estão se repetindo novamente neste período pré-eleitoral. Estão aí escancaradas para quem quiser ver.
Assim como navegar era preciso em outras épocas, lutar e participar deste processo de mudanças neste momento atual é fundamental e imperativo.


“O que se pensa que é face humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele com suor, lágrimas e sangue.”
Antonio Candido




Cláudio Leitão é economista e presidente do Diretório Municipal do PSOL em Cabo Frio.

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