segunda-feira, 6 de julho de 2015

ESPECIAL GRÉCIA - COLETÂNEA DE FATOS - FRAGMENTOS DE OPINIÕES




As pesquisas da direita grega e da imprensa internacional, submissa ao grande capital, apontavam vitória do SIM por margem estreita. Diziam que seria 46% a 44%. Quando saiu o resultado oficial, 61,5% em favor do NÃO, ficou bem clara a "política do meda e da enganação" a que queriam submeter o povo grego, mas este deu a resposta nas urnas. A democracia grega, embora imperfeita, dando novamente lições ao mundo.

* Aqui no Brasil, o reaça, Demétrio Magnoli, num estúpido artigo publicado na Folha de São Paulo, com base nestas pesquisas manipuladas, fez uma série de análises equivocadas, pagando um dos maiores micos do jornalismo brasileiro. Tomou na cabeça o serviçal do grande capital.

* Disse Tsipras: "O referendo de hoje não teve ganhadores nem vencedores. É uma grande vitória em si mesma. Mesmo nas circunstâncias mais difíceis, a democracia não pode sofrer chantagem", afirmou, falando indiretamente sobre as condições impostas pelos europeus. E acrescentou: "Quero agradecer cada um e todos vocês. Independentemente de como tenham votado, hoje nós somos um. O mandato que vocês me deram não pede uma ruptura com a Europa, mas me dá mais força para negociar. Os gregos fizeram uma escolha corajosa. Sua resposta vai alterar o diálogo existente com a Europa".


* A Grécia tem uma economia muito mais frágil do que a do Brasil. Porque eles podem e nós não?
Que o PT tome coragem pra reverter o quadro em que vivemos, guardadas as devidas proporções. Não pode quase metade de toda a riqueza que produzimos ir para pagar uma dívida jamais auditada, engordando as riquíssimas instituições financeiras e rentistas nacionais e internacionais, submetendo o país a todos os tipos de cortes orçamentários nas áreas sociais.

* Uma coisa que dá muita tristeza é ver que o Brasil poderia ter feito há mais de dez anos atrás o que a Grécia fez hoje com uma liderança política muito mais reconhecida e com forte apoio popular, caso específico do primeiro mandato de Lula. Não precisaríamos hoje ver um governo refém de bandidos como Eduardo Cunha e toda a corja do PMDB e conivente com o crescimento da bancada da Bíblia e da Bala. A Grécia é hoje o que faltou em coragem ao Brasil há pouco mais de uma década, com uma condição econômica muito superior. O mundo poderia ser outro se a vontade de poder não tivesse superado a coragem de fazer o que deveria ter sido feito.

* 50% do orçamento grego são utilizados para pagar juros e amortizações da dívida pública. No Brasil fica entre 43 e 45%. Mesmo com volumosos pagamentos as dívidas só fazem crescer. Nenhuma auditoria é realizada. No Brasil a Constituição prevê esta auditoria, mas ela vem sendo postergada por todos os governos, inclusive o do PT. Os valores da dívida são propositalmente escondidos do povo pela mídia subserviente ao "status quo". Na Grécia, o Syriza abriu esta "caixa preta". Aqui o PSOL tentou mas não encontrou apoio. Uma CPI da Dívida Pública foi criada em 2010 e levantou inúmeras irregularidades, mas foi abafada pelo Congresso, pelo governo do PT e pela grande mídia nacional. O relatório "dorme" convenientemente nas gavetas do MPF.


* Para aqueles que acham que a luta de classes acabou, o "Não" venceu em todas as províncias da Grécia e em todos os segmentos sociais, exceto entre os grandes industriais e a grande burguesia. Em algumas províncias foi por mais do que o dobro de vantagem.
O medo não conseguiu vencer a esperança !!

* Entre os pobres de Atenas: 76,67% - Não (Oxi)
Entre os mais ricos de Atenas: 86,20% - Sim (Nai)

* A Grécia manda um recado para o mercado financeiro mundial que não quer manter os ganhos do capital da Trioka às custas do sacrifício da população: NÃO PASSARÃO !!

* E isso foi dito, com consciência e sabedoria, nas urnas livres, sem o condicionamento dos financiadores privados de campanha.
Só a solidariedade internacional garantirá a recuperação econômica sem a destruição dos direitos sociais naquele país irmão. Um exemplo para todos os que não querem mais se "acocorar" aos ditames de quem considera que a acumulação de capital vale mais que o ser humano. Para aqueles que o capital financeiro vale mais que o capital humano !!

* O povo helênico mandou o seu recado: o NÃO é um sim a soberania, a independência e a um futuro de mais justiça e paz social. Por uma nova ordem mundial, sem o neocolonialismo de mercado e a ditadura da Troika e seus afins internacionais. A pátria da democracia a reinventa na forma de um "novo tipo" e quiçá, vai exportá-la novamente para outros países do mundo. Que o povo brasileiro absorva parte desta lição.

* Não há caminho fácil para a Grécia, mas a escolha de hoje é bem melhor do que se sujeitar às chantagens do capital financeiro.
Os gregos fizeram umas escolha corajosa que terá impacto em todo mundo. Por isso, a pressão da grande mídia e do capital financeiro internacional que vão continuar traçando quadros nebulosos para o futuro da Grécia, tentando diminuir a importância do gesto e lançando sobre ele um "ar de irresponsabilidade" e populismo. Aqui no Brasil estas vozes terão ecos na imprensa e nos setores conservadores e reacionários da sociedade. Fiquemos atentos !!

* Sempre é bom lembrar aos esquecidos e aqueles que detestam os livros de História, que na Segunda Guerra, a Alemanha Nazista invadiu e dilapidou a Grécia. Em 1953 os gregos perdoaram a dívida alemã gerada pela guerra. Uma contrapartida jamais foi cogitada pelo governo alemão durante todo este processo de crise e sofrimento do povo grego, cujos bancos, estão entre os principais credores gregos. Querem que os gregos continuem sustentando esta ultra parasitária dívida.


* Os gregos decidiram neste domingo, em referendo, não aceitar as condições dos credores do país que em troca de ajuda financeira, através de novos empréstimos a juros escorchantes, exigiam grandes sacrifícios sociais que incluíam aumento de impostos e cortes nas aposentadorias.

* Um oportuno comentário do jornalista Milton Temer sobre o tema acima:

"GOVERNOS DE DIREITA E SOCIAL-LIBERAIS SE ABALAM - O fundamental da vitória do OXI na Grécia, para além da derrota da imposição de austerizada "levyana" ao povo grego, é a repercussão positiva nos demais movimentos de resistência à hegemonia da Troika em outros países vulneráveis pela covardia de seus governos diante do grande capital.
TSIPRAS FAZ POLÍTICA NO QUADRO REAL - É da prática política saber o momento de fazer uma concessão numa negociação complexa. A renúncia de Varoufakis foi um movimento de entrega da Torre para garantir a Rainha nas discussões que o governo grego terá com os maganos do Eurogrupo. Tsipras sai politicamente forte o suficiente desse plebiscito para poder escolher a concessão de forma de molde a não necessitar fazer concessão de fundo na essência na discussão. Para ilustrar, vale o noticiário sobre a renúncia de Varoufakis, que se mostra bem mais convencido da validade de sua retirada do primeiro plano das discussões, a ser preenchido agora pelo próprio Tsipras e outro nome da mesma linha de pensamento de Varoufakis."

* Outra opinião, esta de Gilberto Maringoni:

"O QUE SERIA DA GRÉCIA SE O SYRIZA...
- Entrasse no governo tentando acalmar os mercados?
- Dissesse que a correlação de forças não dava?
- Escrevesse uma "Carta ao Povo Grego"?
- Chamasse um marqueteiro para decidir o que fazer?
- Montasse uma maioria parlamentar para implantar o ajuste?
- Convidasse um banqueiro para o ministério?
- Chamasse Angela Merkel de "companheira"?
- Jogasse no lixo as promessas de campanha?
- Alexis Tsipras saísse do governo e abrisse uma consultoria?
Pois é, num país pequeno e sem indústrias, Atenas convocou o povo à luta.
Orgulho do Syriza, do governo e do povo grego.
Vergonha de Dilma, de Lula e da cúpula do PT."


* um pouco de humor diante deste quadro complexo e complicado, e que além disso, coloca questões importantes para o mundo pensar, refletir e responder:

CONSEQUÊNCIAS DA CRISE NA GRÉCIA:

1. Zeus vende o trono para uma multinacional coreana.
2. Aquiles vai tratar o calcanhar na saúde pública.
3. Eros e Pan inauguram prostíbulo.
4. Hércules suspende os 12 trabalhos por falta de pagamento.
5. Narciso vende espelhos para pagar a dívida do cheque especial.
6. O Minotauro puxa carroça para ganhar a vida.
7. A Acrópole é vendida e aí é inaugurada uma Igreja Universal do Reino de Zeus.
8. Eurozona rejeita Medusa como negociadora grega:"Ela tem minhocas na cabeça!".
9. Sócrates inaugura Cicuta's Bar para ganhar uns trocados.
10. Dionisio vende vinhos à beira da estrada de Marathonas.
11. Hermes entrega currículo para trabalhar nos correios. Especialidade: entrega rápida.
12. Afrodite aceita posar para a Playboy.
13. Sem dinheiro para pagar os salários, Zeus libera as ninfas para trabalharem na Eurozona.
14. Ilha de Lesbos abre resort hétero.
15. Diógenes vende a lanterna para o Vasco.
16. Oráculo de Delfos vaza números do orçamento e provoca pânico nas Bolsas.
17. Ares, deus da guerra, é pego em flagrante desviando armamento para a guerrilha síria.
18. A caverna de Platão abriga milhares de sem-teto.
19. Descoberto o porquê da crise: os economistas estão todos falando grego!!!
20. Aristóteles aceita ENEM, Sisu e Pronatec para entrar no LICEU.

* Confesso que não gostei da 15, mas pelo momento grego vale tudo !!


* Um pouco de poesia e esperança também não faz mal a ninguém:

" Nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar" ( Bertolt Brecht )

* Só a luta muda a vida !!

4 comentários :

  1. O governo pega os empréstimos e depois não quer assumir as responsabilidades que vem conjugadas. Gastam mal estes recursos e continuam devendo. No Brasil é a mesma coisa, não destina os recursos para investimento e gasta para manter as mordomias do governo e programas sociais sem lastro. Socialismo gosta de socializar os prejuízos.

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    1. Meu caro, existem inúmeras ilegitimidades que foram de responsabilidade do governo passado, no caso grego. No caso do Brasil, tenho abordado aqui no blog inúmeras vezes o contexto da dívida pública. Coloque no "pesquisar" o tema e você vai ver minha posição.

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  2. Ainda não sinto esta firmeza toda no Tsipras e no Syriza. O jogo é pesado e ainda pode ter algumas reviravoltas com Tsipras aceitando as condições da União Eurpeia. Já demitiu o ministra da economia. Está sinalizando alguma coisa, ele era intransigente na não aceitação das condições para o ajuste. Não sei não, ainda estou na dívida sobre este rompimento.
    Eduardo.

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    1. É verdade, o jogo é complexo e pesado, não descarto também alguns recuos por parte de Tsipras. Vamos ver os desdobramentos.

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