"UMA IDEIA TORNA-SE UMA FORÇA MATERIAL QUANDO GANHA AS MASSAS ORGANIZADAS".
Karl Marx
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
APERTE O CINTO. O EMPREGO SUMIU !!
Fica claro constatar que neste momento, Cabo Frio vive uma séria crise de geração de empregos, apesar do crescimento sazonal do trabalho informal na “temporada de verão” já encerrada. Talvez a maior de todos os tempos, tendo em vista o crescimento populacional da cidade e a redução da arrecadação dos royalties.
A cidade cresce de forma desordenada, sem nenhum planejamento ou políticas públicas voltadas para o ordenamento urbano e social. Temos hoje, um núcleo urbano razoavelmente organizado no centro e uma periferia crescente com as pessoas subempregadas ou desempregadas, vivendo de bicos, com habitações deficientes, com poucas perspectivas de um futuro melhor. Cria-se com isso um “caldo de cultura” para o aumento da violência e criminalidade que é facilmente percebido por toda a cidade.
Percebe-se também que a informalidade é o caminho para aqueles que não encontram abrigo no grande empregador da cidade que é a Prefeitura, salvo exceções em algumas áreas.
Este modelo de “dependência” do poder público foi construído para funcionar assim. Foi pensado para ser um instrumento de dominação política em cima dos trabalhadores contratados, com ou sem especialização.
A grande vocação turística de nossa cidade é extremamente mal aproveitada na possibilidade que tem de gerar novos empregos. Hoje, no mundo, o setor terciário, de prestação de serviços, é o que mais cresce e oferece oportunidades. Falta uma política clara e efetiva para estimular este setor em nossa cidade. Trabalho profissional e estruturado que precisa da ação conjunta do poder público com os empresários e trabalhadores.
O tão falado Pólo Industrial é uma solução pouco efetiva. O setor primário, industrial, com o advento da informatização e tecnologia, emprega cada vez menor contingente de mão de obra. È um complemento e não a ação principal.
A construção civil é outra alternativa importante, mas faltam cursos profissionalizantes que poderiam ser estimulados pelo poder público. As construtoras trazem profissionais de fora da cidade, dada a dificuldade de contratar aqui, pedreiros, bombeiros hidráulicos, pintores, carpinteiros, gesseiros etc.
Faltam também cursos e escolas técnicas para o ramo da hotelaria, gastronomia, restaurantes e afins.
O mesmo ocorre com a pesca, importante atividade comercial de outrora, que precisa de novas ações e estímulos.
Precisa-se buscar também, através de grande esforço político, a criação de uma Universidade Pública que possa democratizar o acesso ao ensino universitário e criar novas alternativas para o filho do trabalhador mais pobre.
È necessário também a criação de uma política pública de incentivo ao agricultor e a agricultura familiar para aumentar a produção de alimentos, baratear seu custo e promover geração de emprego e renda na área rural.
O governo Alair iniciou aplicando aquele velho esquema de grandes obras no centro urbano, agradando em primeiro lugar os grandes empreiteiros, “alegres” financiadores de campanhas eleitorais, vide a nova obra da Orla da Praia do Forte e o interminável “alargamento” da Avenida Joaquim Nogueira. Com a “suposta crise” nem asfalto e concreto acontecem mais.
É um governo que sinaliza muito pouco na implementação estruturada de políticas públicas voltadas, principalmente, à periferia da cidade, aí incluído o distrito de Tamoios, visando reduzir esta enorme desigualdade social que se acumula há praticamente 20 anos.
O que vimos nestes últimos anos de administrações tanto de Marquinhos quanto de Alair foram concreto, asfalto e políticas assistencialistas não emancipadoras da cidadania, incompatíveis com o volume orçamentário que transitou nos cofres públicos desta cidade. Repito sempre para clarear algumas memórias esquecidas: mais de 8 bilhões de reais.
A herança de corrupção e roubalheira que ficou está aí sendo esfregada na cara da população. Pessoas que estiveram e estão no poder ostentam para quem quiser ver uma evolução patrimonial que não tem referência nos proventos advindos da função pública. É um escárnio !
Estas ações foram feitas sempre de “cima para baixo”, com o Poder Público decidindo sozinho o que é melhor para a cidade, sem a mínima participação dos setores envolvidos para que se pudessem construir soluções duradouras. Participação popular nas decisões políticas e transparência com a coisa pública nunca foram “pontos fortes” destes dois políticos, que souberam construir uma “hegemonia política” na cidade, sempre usando muito bem o poder econômico destes financiadores de campanha e a estrutura da "máquina pública". São ora aliados e ora adversários de acordos com suas conveniências pessoais e de grupos. Existem também aqueles “políticos satélites” que gravitam em torno dos “dois capos” e que todo mundo sabe quem são.
É tarefa urgente em nossa cidade acabar com a brutal concentração de renda e promover políticas de redução desta terrível desigualdade social para desarmar duas grandes bombas humanas que se formam, crescem e já estão explodindo na cabeça de todos: exclusão social e violência urbana.
Entretanto, para promover as mudanças necessárias é preciso ter coragem e vontade política para romper com este modelo ou “esquema” de gestão que “os mesmos” implantaram e querem dar continuidade.
É necessário romper com o “dueto” que caracteriza este engodo político repetitivo na cidade: tragédia e farsa.
Fica, entretanto, sempre aquela pergunta, principalmente quando se aproxima uma nova eleição e estes políticos se mobilizam novamente para pedir votos à população para si e seus apaniguados.
Será que a população quer realizar de fato alguma mudança ?
“Faz parte da cura o desejo de ser curado.”
Sêneca
Cláudio Leitão é economista, graduando em história e membro da executiva municipal do PSOL em Cabo Frio.
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Grande texto Leitão. Você conseguiu de forma sintética fazer um diagnóstico da situação do emprego na cidade. Mas não é só em Cabo Frio, aqui no eixo Niterói e São Gonçalo, muita coisa se repete também. Luta que segue !!
ResponderExcluirPaulo Campos.
Valeu a força, amigo Paulo.
ResponderExcluirAbraço.