terça-feira, 19 de janeiro de 2016

É PRECISO SAIR DOS MUROS E ASSUMIR POSIÇÃO POLÍTICA




Os comentaristas da mídia local, blogueiros e internautas que escrevem sobre política nas redes sociais em Cabo Frio precisam entender com mais clareza nossa posição política. Como nós do PSOL não somos ligados a nenhum grupo político na cidade, emitimos de forma independente opiniões e críticas ao modelo de gestão pública implantado nesta cidade há 20 anos.

Alair, Marquinhos, seus novos e velhos aliados e “candidatos satélites” representam uma bipolaridade que não existe, pois estes agentes públicos representam o mesmo “esquemão”, sendo ora aliados e ora adversários de acordo com seus interesses pessoais ou de grupos. É fácil de observar este fato, basta olhar as alianças estabelecidas em eleições passadas. Tudo isso é fruto de uma construção estimulada pela mídia e aceita por grande parte da população.

Minha posição política e do PSOL na cidade é clara e cristalina desde 2008. O Partido tem tido coerência em todas as suas intervenções, principalmente para quem acompanha o dia a dia da política no município. Em todas as campanhas políticas, nos debates e entrevistas, no nosso blog e no Programa Cidadania e Socialismo, que ficou mais de 3 anos no ar, reproduzimos essa posição. Só não vê quem não quer ou tem motivos inconfessáveis para não admitir.

Está tudo gravado. Nunca ficamos em cima do muro. Fazemos críticas duras e apresentamos propostas viáveis para que se possa materializar o processo de mudança na cidade. Esta conversa de que temos quer ser apenas propositivos sem apontar as mazelas do sistema é papo furado. Isso serve para quem quer posar apenas de "bom moço" ou quem não tem a coragem e a independência necessárias para apontar possíveis desvios. A partir das críticas e das falhas é possível construir novas soluções mais eficazes e duradouras.

Somos a única oposição a esta falsa polarização. Estivemos sempre do mesmo lado, o lado do trabalhador, dos segmentos médios da sociedade e dos excluídos socialmente, apesar de enfrentarmos uma conjuntura política desfavorável e a falta de uma melhor estrutura partidária.

Alguns críticos sem nenhuma base de análise real ainda nos chamam de oportunistas. É um argumento sem sentido.
Qual o oportunismo em militar politicamente num pequeno partido de esquerda, socialista, com pouquíssimos recursos, que faz enfrentamento com o esquema dominante na cidade e que não faz coligações em troca de cargos e benesses ?
Seria o oportunista mais idiota no mundo.
Tem que ter muita má vontade para não ver isso!
Divergências políticas e críticas ideológicas são situações próprias da democracia e do ambiente político, e logicamente, não estamos imunes a isso. Compreendemos perfeitamente este contexto de críticas. Servem inclusive para revermos ações e estratégias.

Aqui em Cabo Frio o partido é formado por trabalhadores, a maioria nunca exerceu cargo público, por isso temos toda a legitimidade, igual a qualquer cidadão, de sermos críticos a estes governos que ao longo de todo esse período não contemplaram a nossa visão de como devem ser geridas as finanças públicas da cidade e as relações políticas que devem ser travadas com o legislativo e a sociedade civil.

Temos o direito democrático de defendermos uma ampla renovação política na cidade. A população que julgue nossas ideias e propostas e se achar consequente nos dê uma chance de prová-las. Temos feito críticas políticas, sem ataques pessoais e sem o uso de expressões chulas que ataquem a dignidade da pessoa, mas muitas vezes, estas críticas são duras e incomodam, e na falta de argumentos para contraditá-las, temos sido vítimas de interpretações equivocadas, ataques pessoais, provocações e difamações.

As minhas candidaturas "fogem" completamente a compreensão conservadora que muita gente tem da política. Não me elegi, é certo, mas não me omiti como alguns que ficam me criticando sem me conhecer, mas que se limitam a ficar em frente à tela do computador ou sentado nas macias poltronas da sala de estar.

O PSOL se colocou como alternativa visando participar do processo político por não concordar com o que ocorre na cidade há 20 anos. Foram sempre candidaturas corajosas e independentes e que nunca se apequenaram diante do poder econômico exibido pelos nossos adversários, bancados financeiramente pelos "mesmos senhores de sempre", que são aqueles que querem que nada mude.

As candidaturas não seguem os padrões conservadores do pragmatismo político oportunista, bancadas por alianças estapafúrdias e pelo dinheiro dos que vão nos explorar e oprimir depois. As minhas candidaturas e as demais que virão (para alegria de uns e desespero de outros) são de enfrentamento a este modelo de gestão e a esta estrutura sociopolítica que implantaram neste município e que hoje, após todos esses anos, mostra claramente seu esgotamento e confirma que não atendeu adequadamente as demandas da população.

É só olhar o baixo nível das políticas públicas essenciais na cidade: educação, saúde, saneamento, transporte, emprego e renda, habitação popular, meio ambiente, segurança pública, lazer, cultura e esporte. Conseguiram até dar calote no servidor público, num ato de covardia sem precedentes.

São candidaturas movidas por questões ideológicas, com outro olhar na forma de organizar os bens coletivos, além de servir também a um processo de construção partidária. Faço e continuarei fazendo o meu papel colocando o meu nome e as ideias defendidas pelo meu partido para apreciação da população. Ela sim, é a responsável por suas escolhas e determinar vitórias e derrotas. É responsável também por acolher as consequências destas escolhas.

Temos hoje no país um processo político-eleitoral dominado pelo poder econômico, que faz as pessoas desacreditarem em mudanças pelas via política. Verdadeiros pilantras e ladrões do dinheiro público, que exibem suas evoluções patrimoniais na "cara da população", apoiados por este sistema de financiamento privado de campanhas, comprando votos e a consciência de grande parte da população pobre e se elegendo com uma facilidade impressionante.

A vitória eleitoral não está diretamente relacionada à capacidade e ao preparo do candidato. Muita gente também sabe disso, por isso continua votando, tentando mudar e construir novas alternativas. Informação, renovação, coragem e ousadia serão palavras chaves para 2016.

Estarei nesta luta e mais uma vez colocarei meu nome à disposição, isso se o partido e o conjunto de nossa militância assim o reafirmarem. A vitória me fará feliz, pois vou poder participar de forma mais ativa e atuante de um conjunto de mudanças sem dar obediência servil a este domínio do grande capital representado em nosso município pelos antigos coronéis locais.

Entretanto, a derrota não vai me envergonhar e nem me abater para o prosseguimento das lutas. Não vejo cargo público eletivo como obsessão e nem sou carreirista político. Se fosse assim não militaria no PSOL. Não dependo da política para sobreviver e nem tenho ambições patrimoniais. Norteio-me por outros valores, onde os ideais socialistas, a solidariedade e os interesses coletivos tem papel preponderante.

Derrotado é quem dobra os joelhos, se agacha e não luta por mudanças.
Só a luta muda a vida !!


Claudio Leitão é economista, professor de história e membro da Executiva Municipal do PSOL Cabo Frio - RJ.

6 comentários :

  1. Bem colocado Leitão, podem falar o que quiser do Psol, até discordar ideologicamente, mas ninguém pode nos acusar de não ter posição clara na política. Somos muitas vezes confundido e mal compreendido, até porque tem muita gente filiada falando coisas que não correspondem aos princípios do partido, infelizmente. Mas no Rio de janeiro todo a nossa posição de oposição ao PMDB que controla o estado e a maioria das prefeituras é clara.
    Luta que segue !
    Paulo Campos.

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  2. É isso amigo Paulo. Novamente obrigado pela força !!

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  3. Leitão, tenho uma grande simpatia pelas suas ideias, porém como o Paulo citou: "Somos muitas vezes confundido e mal compreendido", lamento esta incompreensão porque o povão não consegue acompanhar algumas falas suas. Trabalho com o povão, na educação, e como bem sabemos ela está caminhando cada vez mais lentamente. O curso de formação de professores para o 1º segmento, por exemplo, é lastimável para aqueles que formarão a base da educação.
    Estes alunos não têm habito de leitura e em sua maioria está perdida no que se refere à cultura, aos seus direitos, seus deveres, resumindo seu papel como cidadão.
    Nas escolas do ensino fundamental temos professores desmotivados, iludidos e sem esperança, pois a sociedade que temos está doente, as famílias estão doentes. Desta forma, a coisa fica difícil!
    Entre muitas outras coisas ...

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    1. Você tem razão, a conjuntura não favorece qualquer processo de mudança. A população não tem ainda um senso de construção do coletivo. Pensa e vota individualmente na maioria dos casos. Mas esta é a nossa luta, continuar semeando, por isso resolvi estudar História e tentar ajudar neste processo de formação da cidadania junto com a transmissão de conhecimento. Frei Betto tem uma frase que concordo e sigo; "Sei que talvez não possa ficar para a colheita, mas insisto em morrer semente". Vamos seguir em frente e continuar tentando. Gradualmente alguns avanços já estão acontecendo. Abraço.

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  4. VALEU LEITÃO, SEMPRE COM UMA POSIÇÃO COERENTE. VAMOS À LUTA A FIM DE MUDAR UM SISTEMA QUE APENAS SE ALTERNA NOS NOMES E NÃO NAS PROPOSTAS E EFETIVAS REALIZAÇÕES A FAVOR DA POPULAÇÃO.
    SERGIO A. FRIDMAN

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  5. Pois é Sergio, coerência política não é para qualquer um !!
    Valeu a força. Abraço.

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