quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

RADICALIDADE E MUDANÇAS




A palavra radical vem do latim “radicale” e etimologicamente deriva da palavra raiz. No campo político “ser radical“ é muitas vezes encarado negativamente por diversos segmentos da nossa sociedade, principalmente por setores mais conservadores que detestam mudanças que possam abalar seus privilégios.

Nós do PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, fundado em 2004, a partir de um grupo divergente do PT, somos muitas vezes, assim carimbados. Lembro da campanha presidencial de 2006, onde a ex-senadora Heloisa Helena, hoje na Rede, recebia os elogios de inteligente, corajosa e honesta, mas era tachada de muito radical. O mesmo aconteceu com Plínio de Arruda Sampaio em 2010. Idem com Luciana Genro em 2014.

Guardada as devidas proporções, tal fato tem se repetido comigo e com os demais companheiros do partido quando participamos do processo eleitoral ou qualquer debate na mídia e nas redes sociais.
Somos militantes da esquerda socialista e opinamos sobre diversos fatos políticos e sociais que ocorrem em nossa cidade, no nosso estado, no nosso país e até no mundo e também recebemos críticas por opiniões consideradas radicais.

Devido nossa formação política e ideológica temos um olhar crítico sobre este modelo neoliberal e globalizante que querem nos impor como verdade absoluta e pensamento único.

O mais engraçado de tudo isso é que grande parte dessas pessoas que fazem críticas, quando perguntadas sobre o atual estado das coisas, principalmente no campo político, reclamam e pedem mudanças.

Ficam algumas perguntas : Que tipo de mudanças se fazem necessárias ?
É aquela “cara nova” que representa interesses de velhos caciques políticos?
Será que basta uma mudança “meia boca” ?
Uma “melhorazinha “ aqui e outra ali. Isso atende as nossas necessidades?
Qual a profundidade das mudanças que seriam realmente transformadoras ?

Ser radical não é ser negativo. É lutar por mudanças que possam atingir a raiz do problema. Encontrar soluções que possam mudar a vida das pessoas para melhor de forma a impedir retrocessos. Para isso acontecer são necessárias ações duradouras e não medidas pontuais e paliativas. É preciso muitas vezes contrariar interesses de setores poderosos que infestam de corrupção o Estado brasileiro.

Somos adjetivados como radicais por lutarmos por uma reforma política que possa restabelecer a ética e as boas práticas políticas. Por lutarmos por mudanças no modelo econômico que possam trazer mais igualdade e justiça social. Por combatermos com firmeza à corrupção, um câncer que atrasa o desenvolvimento do país. Por batalharmos pela total transparência no trato com a coisa pública. Por acharmos que o capital humano tem que estar acima do capital financeiro. Que o desenvolvimento tem que estar subordinado à distribuição de renda e a preservação ambiental, respeitando o planeta e as futuras gerações.

No plano municipal, somos radicais por lutarmos contra um modelo de gestão que enriquece há décadas uma elite política em detrimento da maior parte da população que não é atendida com políticas públicas efetivas na saúde, educação, habitação popular, transportes, saneamento, segurança pública, geração de emprego, além de outras.

O histórico descaso com o distrito de Tamoios e com todas as outras zonas periféricas da cidade representa bem a desigualdade desta equação. A explosão da violência urbana é o resultado encontrado. Cabo Frio é hoje a cidade mais violenta do estado. Isso não acontece por acaso.

No atual estágio não cabem mais meias-medidas. Precisamos de mudanças profundas que só virão com muita luta e participação popular. Precisamos atacar a raiz de todas essas situações, caso contrário, ficaremos no terreno das “melhorazinhas”, dependendo da ajuda e favores de quem não quer mudar coisa alguma.

Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Serra, Aécio, Marina, Paulo Maluf, Dilma, Lula, FHC, Sergio Cabral, Pezão, Jânio Mendes, Marquinhos, Alair Correa e outros, se orgulham de não serem radicais. Eles querem que tudo permaneça como está. Querem que você acredite que tudo é assim mesmo e que agentes políticos são todos iguais.

De minha parte vou continuar sendo radical. Jamais vou estar na mesma trincheira de lutas que eles participam, ora como adversários, ora como aliados, dependendo de seus interesses pessoais ou de grupos. Vou continuar lutando por mudanças na cidade, apesar de todas as dificuldades possíveis e imagináveis.

Penso que outra forma de organizá-la sob o ponto de vista econômico e social é possível. Vou continuar na luta, dentro das minhas possibilidades, contra todas as medidas conservadoras, intolerantes e reacionárias que nos impedem de ter uma cidadania plena e participativa.

A história política de Cabo Frio tem sido uma sucessão de repetições que transitam entre a tragédia e a farsa. Estas forças políticas ditas “dominantes” no município preparam outro embuste político-eleitoral para 2016.
Só se engana quem quer !!


“Não temos nada a perder, exceto tudo”.
Albert Camus


Cláudio Leitão é economista, professor de história e membro da executiva municipal do PSOL em Cabo Frio.

6 comentários :

  1. E isso ai leitão com a democratização da internet a grande massa desinformada vai pouco a pouco conhecendo esses políticos pilantras e essas quadrilhas disfarsadas de partidos políticos o PSOL tem continuar nessa linha pq hj e o partido mais ético e coerente do país .Tamo Junto cada vez mais

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  2. Valeu meu caro, vamos continuar lutando por estas mudanças mantendo a coerência política.

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  3. Mais um ótimo texto Leitão. Mudanças radicais neste momento não podem ser confundidas com ações impensadas, mas em ações precisas que cortem o mal pela raiz, principalmente na política e na economia.
    Paulo Campos.

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    1. Obrigado mais uma vez pela força, meu caro Paulo.
      Abraços aos amigos do PSOL de Niterói.

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  4. LEITÃO, PERFEITO. CONTINUE COM A SUA COERÊNCIA, QUE EM BREVE O POVO SABERÁ QUE NÃO ADIANTA TROCAR SEIS POR MEIA DUZIA. A MUDANÇA SÓ OCORRERÁ SER FOR RADICAL.
    SERGIO A. FRIDMAN

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