sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

TURISMO DE MASSA. SIM OU NÃO ?




A opção feita pelos dois últimos prefeitos (Alair e Marquinhos) por um "turismo de massa" passa por um esgotamento na infraestrutura da cidade, que não acompanhou a evolução no número de visitantes, e começa a ser muito questionada por grande parte da população em função dos transtornos que causam. A pasta do Turismo nestes dois governos, ao longo de duas décadas, nunca foi ocupada por um técnico ou especialista na área. Sempre foram feitas indicações políticas, logo nunca houve, de fato, um projeto integrado e nem uma avaliação sobre os "ganhos e perdas" para a cidade deste modelo e seus impactos na vida do morador.

Algumas questões precisam ser avaliadas por um estudo técnico de viabilidade turística. A renda gerada e apropriada pelos comerciantes, hoteleiros e demais segmentos empresariais não são públicas e sim privadas.
Este ganho empresarial se transforma em impostas para o município? Quanto? Gera quantos empregos de carteira assinada? Nunca ninguém respondeu isso.

Os gastos públicos na limpeza da cidade, em pessoal e maquinário mobilizados para tais tarefas, um maior investimento na saúde devido ao aumento da demanda, além de outras áreas do setor público envolvidas, compensam o retorno em impostos e em imagem para a cidade? O valor excessivo gasto em shows milionários para atrair este perfil de turista vale o retorno? São também questionamentos sem respostas. Não há nenhuma avaliação ao final da temporada.

Mais da metade da população vive na informalidade, logo, esta opção pelo turismo massificado permite gerar emprego sem qualificação e de baixa remuneração para estas pessoas. É uma artimanha política pragmática que gera votos e aceitação, mas não tem um caráter duradouro. Não há um controle efetivo do número de trabalhadores autônomos. Existem escolhas por critérios políticos e não de necessidades reais para as pessoas exercerem o direito ao trabalho. Nunca houve um projeto integrado de qualificação profissional para melhorar a empregabilidade e a renda destas pessoas.

Este ano, especialmente, toda esta desorganização ficou e ainda está patente. Será que a população está feliz com o tal "Verão Inesquecível"? O turista pode até estar, mas a população não está e a mídia e as redes sociais estão capturando toda esta insatisfação, principalmente depois que o prefeito Alair pediu ao morador para andar a pé e deixar os carros só para os visitantes. O verão é para eles !!

O governo foi eleito para governar prioritariamente para a população da cidade e ela nunca é consultada. Participação popular na administração pública não é o forte destes "caras".
Para sairmos desta discussão estéril, onde ninguém apresenta dados reais, até porque como foi citado não há um estudo sério de viabilidades, precisamos de uma transformação na Secretaria de Turismo e também na Secretaria de Desenvolvimento, com gente preparada e com "expertise" nestas áreas para finalmente fazer uma gestão qualificada neste segmento com um projeto exequível que integre todos os setores envolvidos. O problema é que "eles" não querem nenhum tipo de mudança, mesmo que seja para beneficiar a cidade, pois com este "esquema" conseguem mandatos sucessivos.

Estes valores gastos com estes shows milionários são a prova cabal desta irresponsabilidade. São milhões de reais gastos sem nenhuma transparência numa cidade que atravessa sérios problemas na saúde, educação, transporte, saneamento e habitação popular. São escolhas feitas sob encomenda para gerar este perfil turístico e fazer a manutenção daquela velha política "pão e circo" que seduz uma parcela significativa da população, que não percebe que o benefício fugaz de uma renda extra neste período não compensa as agruras que vai passar o ano todo nestas áreas de políticas públicas essenciais citadas.

Por que não valorizar mais os artistas locais?
Por que não descentralizar mais os locais para shows, abrindo possibilidades de uma variação maior de ritmos e estilos?
Por que não implantar um projeto semelhantes às lonas culturais que demandam uma estrutura bem menor e mais barata e nem por isso menos divertida ?

O problema é que "eles" têm uma necessidade enorme de se mostrarem "grandes realizadores" com o ego suplantando os interesses públicos e coletivos.


“Um povo de cordeiros sempre terá um governo de lobos”
Ditado Popular


Claudio Leitão é economista, graduando em história e membro da executiva municipal do PSOL Cabo Frio.

3 comentários :

  1. Perfeito comentário.Fica patente o controle que os vereadores e demais politicos ,tanto os que estão no mandato quanto os que os revezam,exercem sobre uma população de baixissima escolaridade e dependente dos favores dos cofres públicos.Não só em Cabo frio,mas tambem em todos municipios periféricos basta um olhar minimamente crítico,para percebermos uma estrutura arcaica de patriarcalismo,coronelismo e incompetencia técnica em todos os níveis da administração pública. Um povo sem educação,sem cidadania,é um povo sem amor proprio,o eleitor perfeito para ser conduzido tal como boiada,ao sabor dos desmandos dos coronéis.Vivemos no século dezenove.

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