segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

ARROGÂNCIA, CINISMO E DESFAÇATEZ




Neste final de 2015 estamos tendo a oportunidade de acompanhar aquelas entrevistas de fim de ano, numa rádio/Tv local, líder de audiência em seu horário, dos dois últimos prefeitos de nossa cidade, Marcos Mendes e Alair Correa, que governaram em rodízio, ora juntos e depois separados, os últimos 20 anos. Hoje, tivemos mais uma edição deste triste espetáculo.

Aliás, segundo muitos, na verdade, eles “desgovernaram” a cidade, já que tiveram à disposição durante este período, um orçamento extraordinário, próximo a 10 bilhões de reais e não se consegue ver equipamentos urbanos e políticas públicas que justifiquem tal dinheirama. O descaso com a periferia e o distrito de Tamoios, ao longo de todo esse tempo, é mais uma prova cabal da falta de compromisso com as questões populares. Sempre preferiram obras na orla da Praia do Forte e nas áreas centrais da cidade.

Daí nasce à análise dos fatos acontecidos nestas entrevistas que parecem uma comédia ou pior, uma tragicomédia. Dá para escrever uma “ópera bufa”, diante de tanta superficialidade nas análises e citações provocantes entre si com um humor de quinta categoria.

Em primeiro lugar, eles fizeram um desfile de acusações mútuas. Má gestão, desperdício do dinheiro público em políticas duvidosas, nepotismo, corrupção, entre outras, nos dando a sensação triste e sombria que ambos tinham razão.
Outra coisa comum foi o formato das entrevistas. Sempre com perguntas tranquilas, aquelas tipo “bola quicando” para facilitar as respostas dos bravos agentes públicos. Nenhuma pergunta “saia justa” ou mais polêmica é feita para não causar nenhum constrangimento aos dois dignos mandatários.

Os problemas e as carências da cidade estão aí, após estes fatídicos 20 anos, escancarados na cara de qualquer um e eles “vomitando” que fizeram um excelente governo com livrinhos e tudo contando esta estória. Um desfile de arrogância, cinismo e desfaçatez.

As falas pontuadas de demagogia barata, principalmente quando apelam para Deus, criam a impressão de estarmos vendo um “circo dos horrores”.
O pano de fundo de tudo isto está muito claro. Querem continuar polarizando as disputas políticas na cidade. Parece tudo um jogo combinado, pois interessa aos ditos cujos que não se consolide nenhuma alternativa política viável que possa confrontá-los futuramente. Querem um jogo de cartas marcadas para 2016.

Ambos os governos foram e são marcados por inúmeras denúncias de corrupção e ambos possuem fichas quilométricas de processos nas mais diversas esferas, eleitoral, civil e criminal. Ambos possuem uma elevação patrimonial incompatível com os rendimentos auferidos na função pública. Eles nem disfarçam este fato, está aí para quem quiser ver. Ambos continuam servindo aos “mesmos senhores” financiadores de suas campanhas políticas. Ambos jamais priorizaram a transparência nos atos e tratos com a coisa pública.

Não tenham dúvidas, se lá na frente “a casa ameaçar cair”, serão capazes de se juntar novamente para continuar infelicitando e saqueando a cidade com aquela velha ladainha que é “em nome de Deus” para o “bem de Cabo Frio”.

É inacreditável ver como a população de forma anestesiada por diversos motivos aceita e vota, anos após anos, nestes embusteiros. É inacreditável ver como alguns aceitam participar disso tudo por migalhas.

É impressionante ver como “eles” foram competentes em construir esta hegemonia política, através da distribuição de gordas portarias a quem poderia protestar, de gordas somas aos meios de comunicação que poderiam denunciar e de construir políticas públicas assistencialistas e fisiológicas de baixíssima emancipação cidadã a milhares de pessoas, nesta cidade, que cegaram para todos os outros desmandos que fizeram com o dinheiro público.

Precisamos admitir que neste momento “eles” estão ganhando o jogo. Estão dando as cartas da forma que querem.
Entretanto, a “bolha” das mazelas sociais de nossa cidade continua enchendo. Falta de pagamento de salários, aumento galopante da violência urbana, desemprego crônico, desigualdade social, saúde e educação em estado deplorável, a ausência de uma política habitacional popular, transporte coletivo deficiente, a falta de um projeto efetivo de qualificação profissional e de geração de empregos, além de outras.
Quando ela estourar afetará a todos.

Será que é só isso que podemos esperar para a nossa rica cidade ?
Até quando vamos aturar tamanha esculhambação ?

A resposta precisa ser encontrada em cada um de nós !!


“Somos criadores de nós mesmos, da nossa vida, do nosso destino e queremos saber disto hoje, nas condições de hoje e não de uma vida qualquer e de um homem qualquer.”
Antonio Gramsci


Claudio Leitão é economista, professor de história e membro da executiva municipal do PSOL Cabo Frio.

7 comentários :

  1. Parabéns Claudio, falou tudo, não deixou pedra sobre pedra. Pena que muita gente em Cabo Frio não vai ler. Você é sem dúvida uma das alternativas de renovação na política para a cidade. Continue assim.
    Geraldo.

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  2. A RESPOSTA É SIMPLES E OBJETIVA, BASTA UMA MUDANÇA RADICAL. PORTANTO, A CIDADE PRECISA DE ALGUÉM QUE NÃO TEM COMPROMISSOS COM OS GRUPOS QUE GOVERNAM OU GOVERNARAM A CIDADE. PORTANTO, NOS NOMES QUE CONSTAM COMO PRÉ CANDIDATOS A PREFEITO, EU SÓ VISLUMBRO O DE CLÁUDI LEITÃO.
    SERGIO A. FRIDMAN

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    1. Obrigado amigo Sergio, é uma honra ter o seu apoio, você sabe disso. Independente de qualquer dificuldade vamos novamente a luta !!

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  3. A culpa de tudo isso, infelizmente nao é o mordomo.É culpa de grande parte da população. Muitos frequentam o mundinho pantanoso dos políticos ada cidade ou pensam em fazer parte.Tão simples, nao é?

    Anestesiados quase total. Acomodados. So têm "coragem" nas redes sociais.Grande parte da população parece que tomou xilocaina ao invés de leite materno,quando criança. Agora para fazer fofocas estar primeiro lugar.

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  4. ....esta em primeiro lugar.

    E as " caras novas " cidade frequentam o mundinho pantanoso dos políticos de Cabo Frio. Onde está à vara nova? So rindo. São caras de paus isso sim.

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    1. Onde se lê: vara, leia-se: cara.
      Teclar nesse smartphone maluco corrigindo é soda.

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