A crise é grave, ninguém tem dúvidas disso. Para um partido e um líder que dizia que
mudaria o país e que não roubaria e nem deixaria roubar os fatos do cotidiano
causam revolta e indignação. Não discuto se as gravações são legais ou não,
isso deixo para os juristas, mas o conteúdo revela que o projeto do PT se
esgotou em si.
Não o projeto que o partido tinha antes de ser governo, mas
o projeto construído a partir de 2002, quando o PT abandonou seu programa para
fazer uma “consertação” com os setores conservadores e corruptos do Brasil.
Relegou as bases populares, os movimentos sociais, o movimento sindical e as
necessárias reformas estruturais para se unir com antigos adversários e dar
sequência ao projeto macroeconômico neoliberal que já vinha cambaleando com
FHC.
A questão ética está se sobrepondo a questão econômica,
porém, pior do que isso são as análises generalizantes que vemos na mídia e
redes sociais colocando todo e qualquer agente político, com mandato ou não,
numa vala comum. É a tal frase fácil: “São todos ladrões”.
Isso não é verdade. Tudo na vida depende de decisões
políticas e quem se ausenta de participação não tem o direito de reclamar
depois. Um olhar atento ao quadro sempre nos permitirá enxergar pessoas que
lutam e também querem novos caminhos que nos levem a novas práticas.
Essas generalizações são temerosas, pois tiram a esperança
de reversão do quadro, que na verdade está unicamente nas mãos da população.
Todos estes pilantras da política não “caíram do céu”. Foram votados, muitas
vezes de qualquer jeito ou porque ofereceram vantagens pessoais aos
eleitores.
Políticos podem nos enganar,
sem dúvida, mas tem vários que são votados com o eleitor sabendo do seu passado
de roubos, desvios e processos. Não podemos esperar resultados diferentes se em
todas as eleições fazemos a mesma coisa.
Não tem outro caminho que não seja uma ampla renovação dos
quadros políticos, tanto na esfera do executivo quanto no legislativo. Apesar
de tudo as instituições estão funcionando plenamente. Qualquer tipo de intervenção que altere o
processo democrático é golpe e vai trazer consequências negativas para a
população. Líderes carismáticos, fascistas e autoritários sempre surgem nos
momentos de crise política, mas são o pior caminho para a busca de soluções
duradouras e que contemplem os interesses populares.
Há duas formas de mudar a sociedade. Uma é através de um
processo revolucionário, mas mesmo diante de grave crise, não se vislumbram
condições objetivas para isso, até porque o país está dividido. O outro caminho
é a via institucional, do voto, essa sim, está em nossas mãos, esperando uma
atitude corajosa, ousada, em que devemos assumir os riscos e a responsabilidade
que o momento impõe.
A população que está indignada tem que ir às ruas e as urnas
para dar uma resposta contundente a quem nos enganou na nossa rica cidade e no nosso
rico país.
Vamos mostrar quem é que manda de verdade !!
Claudio Leitão é economista, professor de história e membro da executiva municipal do PSOL em Cabo Frio.
Se fosse fácil assim, tem muitos fatores que agem numa eleição que fazem os corruptos serem eleitos, a principal é a grana que cada candidato tem. Talvez daqui a umas três gerações a gente consiga mudar. Esse ano pra mim ainda não muda nada.
ResponderExcluirSim, ninguém falou que é fácil, mas não tem outro caminho do que a luta e a resistência. Gramsci, lá atrás, já dizia:"Pessimismo da razão, otimismo da vontade".
ExcluirLeitão, é preciso condenar o golpe com veemência. Há uma clara orquestração reacionária por trás de tudo isso. A nota do PSOL hoje dá o tom. Defender o aprofundamento das investigações, mas respeitando as instâncias judiciais, o devido processo legal e a democracia. O país é de todos, mas quem venceu a eleição é quem tem que governar. Para haver qualquer processo de impeachment é preciso ter fundamentação jurídica e não apenas política.
ResponderExcluirPaulo Campos.
Sim, mas o objetivo do texto foi dar um enfoque de que nem tudo está perdido. A vontade popular, em tese, tem tudo para ser soberana e promover mudanças.
ExcluirAbraço amigo.
Respeitar a democracia, como disse o Freixo, mas que democracia? como mostra a figura que ilustra o texto, quem manda é o poder econômico, saímos da ditadura militar e entramos numa ditadura do dinheiro, e nessa sempre somos derrotados, já não há importância se o presidente é do PT, PSDB ou outra sigla qualquer, manda quem tem o dinheiro.
ResponderExcluirEste modelo de democracia permeado pelo modelo neoliberal é distorcido no mundo todo. Na verdade, poderíamos chamá-lo de "corporocracia", o governo das grandes corporações. Mas mesmo assim, é o menos pior. Quase sempre concordo com o Freixo, mas nessa acho que o PSOL deveria estar fora, pois não vejo defesa para este governo do PT, apesar de que a posição dele condena os atos de corrupção do PT. O que ele contesta é a seletividade da justiça, isso de fato está havendo. Não concordo com a derrubada de Dilma para empossar o Temer, que é outro corrupto. Estamos num tremendo nó, meu caro, e espero que os próximos dias surjam fatos que possam clarear um pouco mais o quadro complexo que vivemos hoje.
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