A VOLTA DO VELHO JOGO DE CARTAS MARCADAS

A VOLTA DO VELHO JOGO DE CARTAS MARCADAS


A eleição municipal deste ano já é um fato amplamente discutido em Cabo Frio, noticiado diariamente na mídia local, blogs e redes sociais, até porque, o ex-prefeito de triste memória, Marcos Mendes, mesmo eleito deputado federal, foi o primeiro a antecipar o debate anunciando sua candidatura a prefeitura.

O atual prefeito Alair Correa para não ficar para trás, recentemente também antecipou sua intenção de reeleição. Os jornais, Tv’s e rádios locais são os maiores estimuladores desta “pseudopolarização”, pois praticamente só convidam os dois para falar e dar entrevistas. Outro que tem algum espaço é o deputado estadual Jânio Mendes. E tenha a certeza, isso não é de graça. As pesquisas realizadas pelos diversos institutos bombardeiam os bastidores da política local para fortalecer ainda mais este quadro.

Nota-se claramente, a tentativa de novamente polarizar a eleição entre duas figuras políticas que posam de “celebridades” na cidade. É um esforço concentrado para que a opinião pública absorva esta tese como uma verdade absoluta.

A bem da verdade, é preciso reconhecer que ambos são hoje os candidatos de maior presença no cenário político municipal, mas de forma nenhuma apresentam projetos antagônicos, pelo contrário, representam o mesmo falido e desgastado modelo de gestão em que a falta de transparência das contas públicas, o nepotismo, o fisiologismo, o assistencialismo sem cidadania e as robustas folhas corridas de processos são as principais marcas. A evolução patrimonial no exercício da função pública também os iguala.

Ambos têm como aliados e financiadores de campanha os mesmos de sempre, até porque caminharam juntos durante mais de 10 anos. Ora são aliados e ora são adversários, de acordo com a conveniência pessoal e dos grupos. Para estes financiadores qualquer um que esteja no poder é a garantia de que seus interesses estarão protegidos, em detrimento dos interesses da população. Os escândalos, desvios e corrupção em seus governos são parecidos. O demagógico discurso religioso e práticas pouco republicanas também.

Nenhuma reforma importante aconteceu na estrutura do município nestes últimos 20 anos, apesar dos 10 bilhões de reais que transitaram neste período nos cofres municipais. Políticas públicas estruturantes nas áreas da educação, saúde, saneamento, habitação popular, meio ambiente e geração de emprego e renda passaram ao largo destes dois governos.

As alternativas a estas candidaturas para a mídia local são o deputado estadual Jânio Mendes, aliado de Marquinhos em 2012, Silas Bento, que nunca se sabe de que lado está, Dr. Paulo Cesar, um trocador oficial de lados e partidos e o vereador Adriano Moreno que ingressou na política “nos braços” de Alair e foi acusado por ele de ter 108 portarias, inclusive de parentes, antes de uma ruptura mal explicada.

Representam nacos da mesma mofada farinha política. Representam a troca de seis por meia dúzia neste velho jogo de cartas marcadas.

A única candidatura independente e que tem um projeto que se contrapõe a esta lógica em vários pontos importantes é a candidatura do PSOL, conforme ficou claro nas campanhas de 2008 e 2012, que é completamente ignorada e colocada de fora de quaisquer pesquisas de opinião que são feitas na cidade, corroborando com toda esta falta de exposição intencional praticada por estes veículos de comunicação. Apresentamos um projeto diferenciado, em que a transparência no trato da coisa pública e a efetiva participação popular nas decisões políticas são fatores importantes.

A parcialidade no tratamento das candidaturas é cristalina. Tais jornais, rádios, Tv’s e analistas políticos, com raras exceções, tem o direito de terem suas preferências, mas simplesmente, não citar, tornar pública e comentar todas as alternativas parece ser proposital, visando não dar asas a qualquer possibilidade real de mudança. Eles temem nossa independência, nossa coerência e nossa “terrível mania” de colocar o dedo nas mazelas municipais com a coragem de poucos.

Este jogo de cartas marcadas sempre teve e terá um custo social enorme para a cidade. Neste jogo só eles ganham. A população tem sido vítima desta “trapaça política” há 20 anos, lembrando aquela clássica frase de Marx, onde ele diz: “A história se repete. A primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. O problema aqui é que ela está se repetindo pela terceira, quarta, quinta e quem sabe mais quantas. A população é que precisa saber mais quantas vezes quer repetir esta triste história.

Hegel também ensinou lá atrás, no século XIX, citando: “O que a história ensina é que os governos e as pessoas nunca aprendem com a história”.
Talvez esteja na hora de aprender e praticar o antídoto !


“Um sonho quando sonhado por muitos e ao mesmo tempo torna-se uma inevitável realidade.”
(Autor desconhecido)


Cláudio Leitão é economista, professor de história e membro da executiva municipal do PSOL Cabo Frio.