O FALSO ARGUMENTO DA GOVERNABILIDADE
Governabilidade é uma palavra substantiva com definições complexas e
abrangentes. Neste texto pretendo me ater a uma questão que é muito difundida
pela mídia quando ela conceitua que para ter governabilidade é absolutamente
necessário ter maioria no parlamento (legislativo), independente da esfera do
poder. Considero este argumento como uma
meia-verdade.
É óbvio que quando o Executivo tem maioria parlamentar fica mais fácil
aprovar projetos, leis e fazer o processo de condução política. Entretanto,
isso não pode servir de escudo para alianças estapafúrdias com partidos que
possuem projetos antagônicos ou políticos reconhecidamente corruptos em nome
desta formação de maiorias para sustentar a suposta governabilidade.
Está provado que no decorrer de qualquer governo esta troca escorre
para o fisiologismo, condutas não republicanas, barganha, canalhice política e
consequentemente, escândalos de corrupção. O exemplo maior deste fato é a forma
de alianças que foi costurada no governo Lula e continuou durante o governo
Dilma. O ilegítimo governo Temer vai repetir esta velha fórmula.
Pode ainda como ocorreu agora com o impeachment da presidente Dilma,
descambar para a traição e tomada do poder através dos mecanismos viciados que
existem nos parlamentos. O PT está pagando o preço destas alianças construídas
apenas para a tomada e manutenção do poder. Deu tudo errado !!
Alianças sem base programática, pautada apenas em distribuição de
cargos e benesses, emendas parlamentares individuais que o governo libera ou
não, dependendo de como vota o parlamentar, ministérios entregues com porteira
fechada, além de outros.
Alianças com políticos que antes eram execrados por serem notórios
ladrões de dinheiro público como Sarney, Renan, Jucá, Cunha, Collor, Barbalho e
Maluf são justificadas por esta falsa argumentação. Fatos semelhantes ocorrem
nos estados e municípios.
Aqui em Cabo Frio constroem-se maiorias assim. Vereadores recebem
cargos e benesses do executivo em troca de total subserviência para aprovar
tudo sem nenhuma discussão. Não há uma efetiva fiscalização da aplicação do
dinheiro público. Os vereadores eleitos pela população viram “vereadores do
prefeito”. Foi assim no governo de Marcos Mendes e o fato se repete neste
tenebroso governo Alair Correa.
Agora que o governo está no “bagaço” e ostentando altíssimos índices de
rejeição aparecem alguns oposicionistas de última hora na Câmara, muitos porque
tiveram interesses contrariados e vantagens retiradas. Ouviu-se um “silêncio
profundo” durante três longos e tristes anos, em que vários casos escandalosos
de desvios de dinheiro público pipocaram na mídia e nas redes sociais sem
nenhuma ação fiscalizadora efetiva por parte dos nossos bravos vereadores.
Este tipo de “governabilidade” transforma a Poder Legislativo em
apêndice do governo, e muitas vezes, longe da vontade e do interesse público.
Fere de morte a institucionalidade que prevê a independência entre os poderes.
Estes embates entre o prefeito e os vereadores “oposicionistas da
hora”, que tem ocorrido no ocaso deste “novo” velho governo Alair, refletem
esta situação quando os papéis não estão bem definidos. Bastou a “quebra de
contratos” por parte do prefeito para os vereadores se rebelarem. O tempo e as
ações futuras de ambas as partes vai novamente mostrar a população que este
modelo precisa ser rompido e enterrado.
Normalmente, a maioria parlamentar construída sob estes parâmetros
serve para votar projetos e leis que beneficiam grupos econômicos que bancaram
campanhas políticas em detrimento da vontade popular. Querem enfiar goela
abaixo da população que só é possível governar construindo maiorias, avalizando
a prática do vale-tudo no ambiente político.
Quando as iniciativas de projetos e leis do governo são de interesse
popular e vão comprovadamente promover mudanças positivas, através de políticas
públicas que vão melhorar a qualidade de vida da população, nenhum parlamentar
vai votar contra. Um governo eleito pela maioria tem credibilidade e força
política para pressionar qualquer parlamentar que por interesses escusos se posicionar
contra estas iniciativas.
Governar é definir prioridades.
O orçamento não comporta todos os interesses. A maioria parlamentar é
importante para o executivo quando a prioridade orçamentária não é a maioria da
população.
O quadro político não mudará se continuarmos aceitando e dando nosso
aval através do voto a este modelo de suposta governabilidade. Ganharão sempre
os mesmos.
Temos que questionar certas “verdades” que a mídia altamente
comprometida com os interesses econômicos e dominada por grupos políticos
conservadores querem nos impor como realidade única possível e inevitável.
“A primeira condição para modificar a realidade consiste em
conhecê-la.”
Eduardo Galeano
Cláudio Leitão é economista, professor de história e membro da executiva
municipal do PSOL em Cabo Frio – RJ.
Bom texto Leitão, o governo do PT de Lula e Dilma estão sofrendo o amargo deste remédio. Aqui em Niterói o prefeito do PT, Rodrigo Neves, fez igual. Acredito que em Cabo Frio também não seja diferente. Precisamos rever essa fórmula de manter maiorias. É preciso novas práticas, novas tratações e novos acordos. A população tem que estar em primeiro lugar.
ResponderExcluirLuta que segue !
Paulo Campos.
Pois é Paulo, é o óbvio, mas grande parte da população aceita com estranha passividade estas relações políticas.
ExcluirÉ como você disse, luta que segue para tentar trabalhar as mudanças de paradigmas !!
Devolva o Brasil para Cabral, o Pedro Alvares é claro. Aposto que vai melhorar!
ResponderExcluirAcho que eles não querem de volta, rsrs !!
ExcluirÉ uma luta inglória, acho que nem numas três gerações mudaremos isso. O povo não sabe votar, não tem conhecimento político e nem discernimento para distinguir o joio do trigo, até porque o trigo é bem pouco. Mas, vai tentando Claudio Leitão, te desejo sorte nessa jornada.
ResponderExcluirValeu, concordo que a conjuntura política é difícil e complicada, mas entendo que devemos continuar lutando por mudanças, mesmo que elas venham de forma gradual.
ResponderExcluirEnquanto isso em Cabo Frio...., LEGÍVEL ou ILEGÍVEL eis a questão!
ResponderExcluirQuem tem razão? O ex-prefeito MM ou Cláudio Leitão? Tam tantam .... Dúvidas estão pairando no ar e nas mentes da população de pagode city.
Vamos aguardar ate outubro?
No momento MM está inelegível, mas na justiça.................sempre existem as liminares. Na minha opinião não vai rolar, mas pode acontecer.
ExcluirEntao segue o impasse. Para Cláudio Leitão MM no momento está: IN ; para MM ele está: E.
ExcluirElegível ou inelegível, eis que têm razão Mas como lembrou o Cláudio Leitão nunca é tarde para Liminar. Agora se ele jura qie está legível não entendo " Cadê quê " vai arrumar uma liminar. Segundo "ruídos" vindos de uma " palácio " não muito distante daqui a situação do MM provavelmente ficará sem saída. Está mais perdida que criança pobre em loja de brinquedos. Será? Mas vamos esperar para ver: se a face do MM vai aparecer nas urnas. Só o tempo dirá.