sábado, 24 de outubro de 2015

O AVANÇO DA DITADURA CIVIL BRASILEIRA




Em conversa com assessores políticos de várias entidades importantes em nível nacional – em Brasília – perguntávamos qual a chance de uma nova ditadura militar diante da chamada crise política brasileira.

Segundo um deles, em conversa com pessoas do Exército, também ex-ministros da defesa, o Exército teria criado mecanismos internos para não permitir mais aventuras pessoais de seus membros em tempos obscuros como esse. Portanto, nesse momento as chances de um golpe militar não existiriam.

Entretanto, ressaltou: “não é necessária a ditadura militar. O que pode avançar no Brasil é a ditadura civil”.
Nos movimentos sociais costuma-se dizer que a ditadura de 1964 foi “civil-militar”, dado o peso que os empresários brasileiros e a mídia tradicional tiveram, juntamente com as forças externas, sobretudo, o papel da CIA no golpe.

Talvez hoje essa possibilidade esteja ficando mais clara. Alguns sinais políticos a indicam.
A população que elegeu o atual governo foi de 54,5 milhões de brasileiros. Mas um grupo de parlamentares pensa passar por cima da vontade de milhões de brasileiros e impor sua vontade política pelo impedimento da atual presidente.

O TCU, que aprovou as “pedaladas fiscais” de FHC, agora reprovou as pedaladas fiscais do atual governo. Os fatos são os mesmos, a legislação é a mesma, mas as decisões são diferenciadas. Portanto, ou o TCU errou com FHC, ou está errando agora com Dilma.
O TSE reabriu investigações sobre as contas de campanha de Dilma. Só dela, embora PMDB, PSDB e PT tenham recebido 2/3 de seus financiamentos exatamente das mesmas empreiteiras.

Outro mote é o pagamento de impostos. Quem reclama são os empresários – que os repassam para o preço dos seus produtos – e a classe média tradicional. O povo brasileiro não reclama do pagamento de impostos. Qualquer pessoa simples sabe que eles são necessários para sustentar os serviços públicos.

O que se reclama é da qualidade dos serviços – saúde, educação, limpeza pública, programa habitacional, saneamento - ou então da destinação de grande parte dos impostos para bancar a especulação financeira dos que ganham com dívida pública.
Portanto, o povo não faz coro com essa histeria empresarial que está inclusive em comerciais de TV.

Outro indicativo é a agressão – Mantega, Padilha, Instituto Lula, João Pedro Stédile, etc. – que revela a alma intolerante e fascista daqueles que não sabem viver fora do poder. Sentem-se impunes, protegidos e até como cumpridores de seus deveres cívicos.
O mais nefando aconteceu no velório de Eduardo Dutra, com o panfleto “petista bom é petista morto”. Esse pessoal vem com sangue nos olhos e cuspindo ódio.

A mesma parcela da mídia tradicional que sustentou os golpes anteriores, todos os dias noticia em letras garrafais fatos, suspeitas e insinuações, desde que sejam contra o governo atual. Passam-se os anos, a cobra muda de casca, mas não perde veneno.

Por fim, Aécio já disse que todos esses fatos não indicam golpe, já que as instituições democráticas estão agindo plenamente. É verdade – e é um elogio a atual presidenta -, mas é preciso não esquecer que, segundo a Constituição Brasileiro de 1988, “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”, e não das instituições. Portanto, elas estão ai para garantir a decisão popular e não para golpeá-la.

Todas essas manobras para entregar o Brasil nas mãos de Eduardo Cunha, o íntegro. Mas, depois, se o golpe se consumar, ele será atirado no lixo da história por seus próprios comparsas.
Quem no Brasil acha que as ditaduras vêm somente pelos militares é bom desconfiar dos ditadores civis.


Roberto Malvezzi possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.

4 comentários :

  1. Leitão, este artigo é uma defesa do governo Dilma ?
    Achei parcial e muito restrito na análise.
    Paulo Campos.

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    1. Caro Paulo, também não concordo com a integralidade do texto, mas achei interessante a discussão sobre a questão da ditadura civil. Concordo que é uma análise pouco abrangente do momento político.

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  2. esquerdalha ladra e fedorenta. querem acabar com o brasil

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    1. Pois é, eu nunca vi uma "esquerda no poder" onde os bancos apresentam lucros recordes e a classe trabalhadora sofre arrochos fiscais e subtração de direitos. Tem que ter muita "força de vontade" para chegar a esta conclusão, rsrs !!

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