terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A CRÍTICA COMO ELEMENTO DA CIDADANIA




A CRÍTICA COMO ELEMENTO DA CIDADANIA

Um fato que chama a atenção aqui em Cabo Frio quando se analisa os “grupos” que estavam ou estão no poder, é a dificuldade que eles têm em lidar com as críticas que são feitas pelos vários segmentos da sociedade que não compartilham com a forma de como é administrada a cidade.

Na grande maioria das vezes, a resposta que é dada não é em cima dos argumentos utilizados, mas sim, tergiversando sobre outros temas, buscando uma tentativa de desqualificar o cidadão, o partido, sindicato ou qualquer entidade da sociedade cIvil a qual ele pertença, principalmente, quando a crítica é feita de forma evidente e contundente não deixando dúvidas a razão.
A tentativa de calar a opinião pública exercendo controle sobre as rádios, TVs e jornais, usando para isso o grande poder econômico de maior anunciante é um fato consumado. Mostra a falta de capacidade de dialogar com a opinião contrária e o viés autoritário que vem marcando os últimos governos da nossa cidade.

Alguns “mandatários de plantão” e seus “puxa sacos” beiram ao ridículo, quando alegam que a critica é feita por quem não ocupa nenhum cargo público ou não tem votos, como se o cidadão comum não tivesse o direito e a capacidade de fazer críticas sobre qualquer fato referente à administração pública.

Outro argumento muito utilizado para desqualificar a crítica é dizer que o crítico não tem nenhum “trabalho” realizado em prol da comunidade. O “trabalho” referido é sempre alguma atividade assistencialista, feitas nas brechas deixadas de propósito pelo Poder Público, usurpando a cidadania daquele cidadão mais humilde.

Outros, na falta de qualquer argumento crítico verídico para contradizer, partem para a leviandade e a calúnia, apontando situações inverossímeis, sem qualquer prova ou fato que a justifiquem. Com a chegada das mídias alternativas ou comunitárias, redes sociais, twiter, e principalmente dos blogs, este contexto crítico legítimo ganhou novos contornos e dificultou para os governantes o uso da força política para esconder fatos e denúncias de nossa população.

Entendo este governo atual como continuidade do anterior. Ambos repetem às mesmas práticas conservadoras, caracterizadas pelo o fisiologismo, o nepotismo e a falta de transparência com a coisa pública. Ambos apresentam uma extensa lista de processos judiciais das mais diversas origens. Ambos apresentam uma evolução patrimonial incompatível com suas “atividades profissionais”, mas diretamente proporcional ao período do exercício do poder. Esta “prosperidade” não é disfarçada por eles em momento nenhum, entretanto, a grande maioria dos eleitores parece não se importar com isso, pelo contrário, aceitam com passividade e naturalidade, pois os mesmos são eleitos e reeleitos para continuar administrando o “nosso dinheiro”.

De fato, são “vitoriosos” e estão “dando as cartas” e “ganhando o jogo”. Os derrotados somos todos nós.

Portanto, o fato do “novo” governo estar no poder há apenas dois anos não o torna imune a nenhuma crítica, até porque Alair Correa já foi prefeito por três vezes da cidade e tem clara responsabilidade sobre a deficiência de políticas públicas em várias áreas essenciais. Noto que a sinalização que ele dá neste período em suas práticas, prioridades estabelecidas e decisões políticas conduzem à mesmice de sempre. É a política das obras faraônicas nas áreas nobres da cidade e dos shows caríssimos que atraem este “turismo de massa” que começa a ser questionado pela população, sem atuar de fato no sentido de reestruturar de forma definitiva as várias áreas da administração pública, principalmente, a saúde e a educação.

O governo anterior do ex-prefeito Marcos Mendes, de triste memória, procedia de forma semelhante.
A política, hoje, infelizmente, vive sob a égide da corrupção e do poder econômico, mas não pode ser motivo de desculpas para cruzarmos nossos braços.

A mudança é possível e os garis do Rio de Janeiro este ano nos deram um grande exemplo de como é possível derrotar o “sistema” por mais forte que ele seja, com luta, mobilização, firmeza de princípios e perseverança.
Tudo na nossa vida depende de decisões políticas, usando o sentido mais amplo da palavra. Mesmo aquele cidadão que se sente menos impactado por qualquer decisão governamental tem responsabilidade com o coletivo da sociedade.
Não é possível construir nada sem estes valores.


“Sem liberdade de crítica não existe elogio sincero”.
Pierre Beaumarchais

Cláudio Leitão é economista, graduando em história e membro da executiva municipal do PSOL em Cabo Frio.

3 comentários :

  1. Excelente texto. Este é o sentimento de muita gente.
    Paulo Furlan

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  2. Cláudio Leitão e o "campeonato de processos "? Quem foi o vencedor? A ou MM? Mês que vem completa aproximadamente dois anos da sua promessa de divulgar o resultado.

    E continuo não concordando na "tese" que a forma de administrar é a mesma. Vale ressaltar: que o grupo de MM é composto por pessoas muito mais qualificadas. Já do atual prefeito, não sei se digo: não posso dizer o mesmo ou se faço dois anos de silêncio.

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    1. Não conseguimos encontrar ainda um matemático-auditor capaz de levantar com precisão os valores de desvios de dinheiro público durante os dois mandatos. Muita grana passou pelo orçamento, mais de 7 bilhões, e muita "mágica" foi feita com esta grana, mas vamos continuar tentando, rsrsr

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