segunda-feira, 14 de abril de 2014

GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA




Fica claro constatar que neste momento Cabo Frio vive uma séria crise de geração de empregos, apesar do crescimento sazonal do trabalho informal nesta recente “temporada de verão” já encerrada. Talvez a maior de todos os tempos, tendo em vista o crescimento populacional da cidade.
A cidade cresce de forma desordenada, sem nenhum planejamento ou políticas públicas voltadas para o ordenamento urbano e social. Temos hoje, um núcleo urbano razoavelmente organizado no centro e uma periferia crescente com as pessoas subempregadas ou desempregadas, vivendo de bicos, com habitações deficientes, com poucas perspectivas de um futuro melhor. Cria-se com isso um “caldo de cultura” para o aumento da violência e criminalidade que é facilmente percebido por toda a cidade.

Percebe-se também que a informalidade é o caminho para aqueles que não encontram abrigo no grande empregador da cidade que é a Prefeitura, salvo algumas exceções em várias áreas.
Este modelo de “dependência” do poder público foi construído para funcionar assim. Foi pensado para ser um instrumento de dominação política em cima dos trabalhadores contratados, com ou sem especialização.
Este processo recente da recusa do “novo” velho governo Alair de não chamar os concursados, mesmo após determinação judicial, segue desgastando politicamente o governo é o reflexo do atraso de como se trata estas questões. O governo anterior agia de forma semelhante em várias questões e também não convocou os concursados.

A grande vocação turística de nossa cidade é extremamente mal aproveitada na possibilidade que tem de gerar novos empregos. Hoje, no mundo, o setor terciário, de prestação de serviços é o que mais cresce e oferece oportunidades. Falta uma política clara e efetiva para estimular este setor em nossa cidade. Trabalho profissional e estruturado que precisa da ação conjunta do poder público com os empresários e trabalhadores.
O tal falado Pólo Industrial é uma solução pouco efetiva. O setor primário, industrial, com o advento da informatização e tecnologia, emprega cada vez menor contingente de mão de obra. È um complemento e não a ação principal.

A construção civil é outra alternativa importante, mas faltam cursos profissionalizantes que poderiam ser estimulados pelo poder público. As construtoras trazem profissionais de fora da cidade, dada a dificuldade de contratar aqui, pedreiros, bombeiros hidráulicos, pintores, carpinteiros, etc.
Faltam também cursos e escolas técnicas para o ramo da hotelaria, restaurantes e afins.
O mesmo ocorre com a pesca, importante atividade comercial de outrora, que precisa de novas ações e estímulos.
Precisa-se buscar também, através de grande esforço político, a criação de uma Universidade Pública que possa democratizar o acesso ao ensino universitário e criar novas alternativas para o filho do trabalhador mais pobre.
È necessário também a criação de uma política pública de incentivo ao agricultor e a agricultura familiar para aumentar a produção de alimentos, baratear seu custo e promover geração de emprego e renda na área rural.

O governo Alair continua aplicando aquele velho esquema de grandes obras no centro urbano, agradando em primeiro lugar os grandes empreiteiros, “alegres” financiadores de campanhas eleitorais, mas sinaliza muito pouco na implementação estruturada de políticas públicas voltadas, principalmente, à periferia da cidade, aí incluído o distrito de Tamoios, visando reduzir esta enorme desigualdade social que se acumula há praticamente 20 anos.
O que vimos nestes últimos anos de administrações tanto de Marquinhos quanto de Alair, foram concreto, asfalto e políticas assistencialistas não emancipadoras da cidadania, incompatíveis com o volume orçamentário que transitou nos cofres públicos desta cidade. Repito sempre para clarear algumas memórias esquecidas: Mais de 6 bilhões de reais.
A herança de corrupção e roubalheira que ficou está aí sendo esfregada na cara da população. Pessoas que estiveram e estão no poder ostentam para quem quiser ver uma evolução patrimonial que não tem referência nos proventos advindos da função pública.

Estas ações foram feitas sempre de “cima para baixo”, com o Poder Público decidindo sozinho o que é melhor para a cidade, sem a mínima participação dos setores envolvidos para que se pudessem construir soluções duradouras. Participação popular nas decisões políticas e transparência com a coisa pública nunca foram “pontos fortes” destes dois políticos, que souberam construir uma “hegemonia política” na cidade, sempre usando muito bem o poder econômico destes financiadores de campanha e que oram são aliados e ora são adversários de acordos com suas conveniências pessoais e de grupos.

É tarefa urgente em nossa cidade acabar com a brutal concentração de renda e promover políticas de redução desta terrível desigualdade social para desarmar duas grandes bombas humanas que se formam, crescem e já estão explodindo na cabeça de todos: Exclusão Social e Violência Urbana.
Entretanto, para promover as mudanças necessárias é preciso ter coragem e vontade política para romper com este modelo ou “esquema” de gestão e desenvolvimento que “os mesmos” implantaram e querem dar continuidade.
Fica, entretanto, sempre aquela pergunta, principalmente quando se aproxima uma nova eleição e estes políticos se mobilizam novamente para pedir votos à população para si e seus apoiados.

Será que a população quer realizar de fato alguma mudança ?
Outubro de 2014 vai nos dar esta resposta !!


“Faz parte da cura o desejo de ser curado.”
Sêneca


Cláudio Leitão é economista e membro da executiva municipal do PSOL em Cabo Frio.

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