sexta-feira, 1 de maio de 2015

O QUE COMEMORAR NO DIA 1º DE MAIO ?




O QUE COMEMORAR NO DIA 1º DE MAIO ?

Em 1889, na França, durante a 2º Internacional Socialista, convencionou-se que no dia 1º de maio seria comemorado o Dia do Trabalhador. A data foi decidida em homenagem a uma manifestação de trabalhadores em Chicago, importante cidade industrial norte-americana, em 1º de maio de 1886, que lutava pela redução da jornada de trabalho e foi fortemente massacrada pela polícia. Esta data foi referendada por vários países no mundo, mas estranhamente nos EUA a data é comemorada em setembro. Talvez por vergonha e para tentar apagar esta triste história.

Isso é história, mas ao chegarmos a mais um 1º de maio, efetivamente, o que temos a comemorar de novas conquistas para o trabalhador brasileiro ?

As principais centrais sindicais preparam mega-eventos, as vezes, com patrocínio do grande capital, com direito a distribuição de brindes e shows de artistas famosos. Entretenimento, diversão e alienação, sem discutir realmente as possibilidades de conquistas que possam transformar para melhor a vida do cidadão trabalhador.

Será que são motivos de comemoração a aprovação do projeto de terceirização em todos os níveis, o aumento arrochado do salário mínimo, o ajuste fiscal que retira direitos dos trabalhadores, a pancadaria em cima dos professores, os cortes no orçamento prejudicando programas sociais, a timidez do ajuste da tabela do imposto de renda pessoa física, a manutenção do nefasto fator previdenciário, o aumento das aposentadorias abaixo do índice de inflação, a possibilidade do aumento da idade mínima para aposentadoria, a redução da contribuição patronal para o INSS, o congelamento do salário dos servidores públicos federais, a implantação da alta programada para aqueles trabalhadores que estão entregues ao benefício do seguro saúde do INSS, o aumento da taxa Selic que vai sangrar ainda mais os cofres públicos aumentando a transferência de renda para os grandes capitalistas, a alta das tarifas provocadas pela privatização dos serviços públicos, principalmente na energia elétrica e no transporte coletivo, o caos da saúde pública em todo o país que mata trabalhadores pobres, o aumento da violência urbana, além de outros episódios que deveriam pautar a agenda das centrais sindicais para mostrar a realidade e conscientizar ainda mais a classe trabalhadora, que é cumpridora de seus direitos, mas não recebe a contrapartida que lhe é devida pelo Estado ?

Em Cabo Frio, será que os funcionários públicos vão comemorar o papo furado da crise, as demissões de gente que trabalha para poupar gente que não trabalha no “andar de cima” da administração pública, as trapalhadas e mentiras do atual governo no pagamento do PCCR, a não efetivação dos que passaram no último concurso público que foram transformados em contratos pela justiça, o nepotismo escancarado no governo, o caos na saúde pública municipal, a falta de condições adequadas na maioria das escolas públicas, a não devolução de descontos indevidos ao IBASCAF, a falta de respeito com quem vai se aposentar e tem os seus processos parados ?

No campo privado, será que o trabalhador cabo-friense vai comemorar a falta de treinamento e fardamento adequado nas empreiteiras terceirizadas, as subvenções nebulosas do péssimo transporte coletivo, o crescente desemprego, a falta de cursos técnicos e profissionalizantes, o aumento da violência urbana, a falta de uma Universidade Pública, o visível aumento patrimonial do grupo que governa, além do outras situações e descalabros ?

Ah, esqueci, tem os shows, né !

Sei que muitos trabalhadores irão às festas, comemorar, vibrar, beber e aplaudir políticos e pseudo-lideranças sindicais que cresceram politicamente e esqueceram dos eixos programáticos que lutavam no passado. Alguns acham que é assim mesmo e que não adianta lutar mais por conquistas definitivas e duradouras e que o bom é a “conciliação de classes”, mantendo o trabalhador submisso aos interesses do grande capital.

Apesar de atualmente não estar mais à frente do movimento sindical de minha categoria por estar aposentado, continuo apoiando a CONLUTAS, a única central sindical e popular que não se vendeu e não se transformou em correia de transmissão do governo.
No dia 1º de maio não vou comemorar e sim reivindicar da forma que posso o que entendo ser nosso direito, além de cobrar os deveres que o Estado por obrigação constitucional precisa cumprir com a classe trabalhadora.
Na Europa, principalmente na Grécia, em Portugal e na Espanha, os sindicatos não farão festas, irão protestar e cobrar direitos negados por ajustes neoliberais que aprofundam a pobreza, o desemprego e as desigualdades sociais.

Cadê a pauta de reivindicações de nossas centrais sindicais ?

Não existe vitória sem luta !


“A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”
Karl Marx


Cláudio Leitão é economista, graduando em história e membro da executiva municipal do PSOL em Cabo Frio.

2 comentários :

  1. Muito bom o texto Leitão. Só acrescentaria a covardia e a submissão do PT as velhas oligarquias. Grande parte da culpa pelo retrocesso que vivemos é do PT.
    Paulo Campos.

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    1. Valeu amigo Paulo, divulga o blog entre os amigos aí em Niterói. Abraço.

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