quarta-feira, 2 de julho de 2014

RELATO DE UM MANIFESTANTE !!




10 h • São Paulo

“Participei hoje a noite do debate público pela liberação dos presos políticos que aconteceu na Praça Roosevelt. O debate não era uma passeata -- havia uma mesa e oradores simplesmente falariam para um grupo cerca de mil pessoas sentadas no chão da praça. Apesar de ser apenas um debate, bem no meio da praça, a Polícia Militar enviou centenas de policiais da Choque e cavalaria, prendeu arbitrariamente e provocou o tempo todo os presentes. A sensação de todos nós é que a comparação com a ditadura não é mais metafórica. Simplesmente a liberdade de reunião e a liberdade de manifestação estão suspensas. Também como nos anos de chumbo, quem está dentro da ordem, apenas acompanhando e torcendo pelos jogos, nem percebe as graves violações pelas quais o país está passando.

Fui convidado para fazer uma breve fala pelos organizadores do ato-debate. Chequei com minha companheira Beatriiz Seigner e logo encontrei amigos e conhecidos como o escritor Ricardo Lisias, o padre Julio Lancelotti, os professores da Unifesp Edson Telles e Esther Solano, além de muitos outros. Assim que cheguei, o advogado Daniel Biral, do grupo advogados ativistas me cumprimentou e relatou que o coronel que comandava a operação o tinha abordado e perguntado em tom ameaçador quem ele estava representando -- ao que respondeu, "estou representando a democracia".
Enquanto as pessoas aguardavam o começo do debate, dois policiais com capacetes e filmadoras passavam pelas pessoas e filmavam muito de perto o rosto de cada uma, em tom provocativo, sem qualquer motivo. Certamente esperavam alguma reação indignada para que pudessem revidar com bombas e agressões. No entanto, as pessoas apenas gritaram palavras de ordem contra a ditadura. Quatro policiais da Choque fizeram então um cordão de proteção em torno deles e durante todo o debate, esses policiais filmaram o rosto de todos os oradores a menos de três metros de distância da mesa.

Assim que as primeiras pessoas começaram a discursar, as prisões começaram a ocorrer. O advogado Daniel Biral, que já havia sido ameaçado pelo coronel, foi preso após protestar contra a falta de identificação dos policiais. Aliás, ele não foi simplesmente preso, foi também agredido e com tanta brutalidade que ficou desacordado na viatura. Com ele, foi também presa a advogada Silvia Dascal.
Os organizadores conseguiram acalmar a indignação dos presentes e retomar os discursos. Menos de dez minutos depois, policiais revistaram de maneira completamente desnecessária e gratuita um rapaz negro que andava pela rua, bem ao lado do debate, numa atitude novamente provocativa. A imprensa foi toda para lá, o público pediu pela soltura do rapaz e a PM jogou bombas, atirou balas de borracha e gás lacrimongêneo e terminou prendendo outras duas pessoas.

Novamente os organizadores conseguiram acalmar os ânimos e retomar o debate. A Tropa de Choque fechou todos os acessos da praça e ficou por mais de uma hora em formação, pronta para atacar. A presença policial muito numerosa e ostensiva era apenas para intimidar e tentar uma provocação para um ataque massivo que seria um verdadeiro massacre. Amigos e amigas que ainda não tinham participado das manifestações dos últimos dias estavam chocados. Todos só falavam da volta da ditadura”.

"“Quando fui retirado do local ninguém me informou porque eu estava sendo preso ou pra onde seria levado. Antes de entrar no camburão os policiais começaram a me bater. Eles me deram uma gravata e levantaram minhas pernas, em dado momento cai no chão e acabei sendo arrastado até a viatura. Já no camburão tentaram me algemar e impediram que entrasse em contato com a Comissão de Prerrogativas da OAB. Quando cheguei ao 4DP, os policiais abriram a porta da viatura e mais uma vez começaram a me espancar. No terceiro soco eu desmaiei e fui arrastado para delegacia. Quando acordei não sabia sequer onde estava.” Daniel Biral, Advogado Ativista detido.

Delegacia – foi recusado pelo delegado de plantão que os advogados fizessem a identificação dos policiais que os prenderam e os agrediram. O delegado também se recusou a lavrar o boletim de ocorrência de abuso de autoridade e lesão corporal em 3 advogados."

No dia 01/07/2014 ocorreu um debate, o qual juntou intelectuais, sindicalistas, estudantes, militantes de movimentos e partidários, reuniu cerca de 500 pessoas em uma praça na cidade de São Paulo. A PM- Policia Militar, estava em 1.000 policiais, que ameaçaram , provocaram, prenderam e reprimiram barbaramente as pessoas que estavam ali para pensar e denunciar o encarceramento por consciência de dois companheiros.
A estupidez dos PMs de Armaduras medievais, que nos filmavam, acharcavam, humilhavam , chegou ao limite da sua estupidez e arrogância, quando jogaram bombas de gás lacrimogênio nas proximidades do debate, que fez com que as pessoas dispersassem e em sua saída, fossem presas as dezenas.

Naquele momento passei a pensar e me sentir como deveriam se sentir os sulafricanos que viveram o apartheid, pensei nos colombianos que vivem uma vida militarizada, pensei nos Palestinos da Faixa de Gaza, pensei nos massacres da China, pensei na minha e na nossa impotência diante das atrocidades que ali eram cometidas, sem que pudéssemos reagir e nem queríamos, pois, afinal de contas, queríamos circular ideias para que a estupidez do governo brasileiro, em particular naquele momento, do governador paulista, o fascista geraldo alckimin, cessasse!

Nesse momento no Brasil, vivemos um desgoverno para o povo e uma política de insegurança pública, bem como um sinistro avanço sobre todxs aquelxs que incomodam o sistema, são os negrxs, os LGBTS, as mulheres, os indígenas, as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, entre tantxs, que nos faz hoje ostentar diversas piores marcas de violação de Direitos Humanos em comparação ao restante do mundo!
Por isso, não é impressionismo afirmar, estamos na ditadura, hoje foi um dia que isso ficou bem claro! Estamos vivendo uma vida militarizada em um país militarizado, que nos retira todos os nossos direitos e cerceiama nossa liberdade!


Givanildo Manoel da Silva (GIVA)
Militante e esperançoso na humanidade, mais não com capitalismo!

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