segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

RAPIDINHAS .....................




* O debate sobre o aumento da violência urbana, suas causas e consequências, segue fervilhando na grande mídia e também nas redes sociais. A diversidade de opinião é grande, pois depende da visão de mundo de cada um. A condição sócio-econômica e cultural, além da formação acadêmica, moldam as opiniões e análises publicadas.

* Eu sigo com a minha. Este aumento da violência reflete a falta de políticas públicas ligadas a educação, saúde, empregos, transporte, habitação, esportes e cultura. Há um claro saturamento do modelo. Estas políticas precisam ser integradas. A educação sozinha, por exemplo, não vai resolver nada. Eu não vi ninguém da "esquerda" defendendo que a educação será sozinha a redentora do país e nem que os professores tem alguma responsabilidade sobre este caos, pelo contrário, os nobres professores são também grandes vítimas do sistema.

* As políticas compensatórias de distribuição de renda praticadas pelo PSDB e PT ao longo dos últimos 20 anos melhoraram os índices socioeconômicos do país, porém foram rasas e superficiais e não provocaram uma verdadeira emancipação da cidadania. Não mudaram o trágico panorama da desigualdade social no país. Quanto mais desigual o país, maior a violência. Os EUA também são exemplo disso.

* A maioria destes índices é moldada pela Estatística. Por exemplo: se 200,00 per capita/mês é a renda mínima que demarca a pobreza absoluta e o governo promove uma "política compensatória" que eleva esta renda para 250,00 per capita/mês, estatisticamente, este cidadão deixou a linha de pobreza absoluta, mas sua vida na prática não melhorou em nada. Estes dados precisam ser analisados com muito critério.

* Políticas compensatórias, próprias da social-democracia, são ações pontuais e importantes, pois "quem tem fome tem pressa", e devem ser apoiadas pela sociedade, porém, precisam ter "portas de saídas" e serem substituídas, gradualmente, por políticas públicas efetivas e duradouras. Entretanto, como fazer isso num Governo que compromete metade do seu Orçamento com o pagamento de juros e amortizações da Dívida Pública. A dívida financeira é respeitada e a dívida social é desprezada e relegada ao 10º plano.

* Na verdade, a concentração de renda no país aumentou nos últimos 10 anos, mesmo estando no governo o PT, outrora "partido dos trabalhadores". É óbvio que isoladamente este fato não pode ser apontado como causador do aumento da violência, mas é um dos componentes mais importantes. É só olhar para a população carcerária e ver quem está lá dentro. A violência atinge a todas as classes sociais, mas o "braço armado do Estado" pune e prende muito mais o pobre, o preto e o favelado. A razão disso acontecer é óbvia.

* Este quadro de desigualdade social acontece de forma relativamente uniforme em todo o país, pois o Governo Federal é o maior arrecadador de impostos, mas é claro que depende também da capacidade de investimento de cada município. Tem município que pode mais e município que pode menos. Cabo Frio com o seu extraordinário orçamento, está entre aqueles que podem mais, mas............., já discutimos aqui por várias vezes os motivos que fazem o município "patinar" nestas áreas.

* Estes argumentos não criminalizam a pobreza, pelo contrário, justificam a presença dos mais pobres nas listas dos que mais morrem e dos que mais são presos. A maioria da população pobre não está na criminalidade (Ainda bem, senão pode mandar "fechar" o país !), mas negar a relação entre criminalidade e pobreza, negar a relação entre criminalidade e falta de políticas públicas é negar a realidade dos números que são frios e inequívocos.

* A questão do apoio aos "justiceiros e seus justiciamentos", na minha humilde opinião é outro equívoco que pode custar muito caro a sociedade. Responder a violência com outra ação violenta, principalmente contra os "bandidos do andar de baixo" não leva a redução da criminalidade. Responde apenas à aqueles instintos que deixamos "lá atrás" nos primórdios da civilização. Isso só vai gerar um quadro ainda pior de recrudescimento da violência. É um fator que justifica a violência também como uma crise moral, disseminada nas várias classes sociais, apesar do peso dos fatores sócio-econômicos.

* Rachel Sheherezade foi afastada do Jornal do SBT. Depois das declarações reacionárias, o dono da emissora, Silvio Santos, preocupado com o rumo que o assunto vinha tomando em toda a mídia e redes sociais, resolveu tomar esta decisão. Na minha opinião, a jornalista facistóide defende a liberdade de opressão e não a liberdade de expressão. Mas tem quem concorde com ela, daí esta polêmica toda. A sociedade brasileira é diversa e multifacetada.

* Ainda sobre este fato, a opinião do professor Tiago Rattes de Andrade, postada no face, reflete também o meu pensamento:
"Aí o maluco no meio da discussão diz assim: "tá com pena? Leva pra casa!". Eu, respiro fundo e penso na minha carreira modesta e iniciante de professor da rede pública, em cada batalha, em cada momento de dedicação, em lugares que gente como essa nunca pisou e nem sabe onde é, em cada pequena vitória, cada olhar de aluno, cada drama. E lembro que sempre levei pra casa cada alegria, cada frustração, cada tristeza, cada morte de aluno, cada preocupação com aluno viciado. E digo, só pra mim: amigo, levo pra casa todos os dias. Resta saber você, o que leva pra casa além do teu ódio."

* O prefeito Alair Correa retirou de sua página no face o texto onde criticava duramente o SEPE Lagos e dava sinais de não querer cumprir a decisão judicial que determina a chamada dos concursados de 2009 e disciplina a futura contratação de professores. Sobre o tema, replico duas postagens que refletem a minha opinião, feita por dois professores no face, rebatendo os argumentos do prefeito:

"Xiii... acho que o prefeito repensou sua posição.
Deletou a postagem no blog dele.
Fez bem, prefeito!
Cumprir ordem judicial é sempre a melhor decisão!"
(Prof. Denize Alvarenga)

"Informe ao senhor prefeito de Cabo Frio:
#1 O SEPE não é contra os contratados, pelo contrário, É o SEPE que defende radicalmente a isonomia entre concursados e contratados.
#2 Assim como outros diretores e diretoras repudiamos a precarização da educação pública do ex prefeito MM e do senhor.
#3 A Lei de Responsabilidade Fiscal não está ameaçada.
#4 As contratações devem obedecer a critérios previstos em edital.
#5 "deixo claro que NOSSO OBJETIVO É CUMPRIR SEMPRE O QUE A JUSTIÇA DECIDE" Então chame imediatamente os concursados.
#6 "aconselhamos os adversários políticos do SEPE a guardarem seus foguetes, até porque todos sabem quem entende deles em Cabo Frio." É lamentável o prefeito de uma cidade tão importante como Cabo Frio encerrar uma nota assim."
(Prof. Charles Pimenta)

* Alair Correa tem razão em dois argumentos:
1 - Como o concurso foi realizado em 2009, Marcos Mendes também poderia ter chamado estes professores, pois o déficit não é de hoje.
2 - Também poderia ter feito o PCCR durante seu mandato, pois a defasagem salarial também já existia.
CONCLUSÃO CLÁSSICA : Ambos, mestre e pupilo, são "farinhas do mesmo saco político". Ambos mostraram e mostram durante seus governos que não respeitam os professores e por consequência tratam a educação com o descaso habitual.

* Este embate na questão da educação no município precisa ser objeto de reflexão por parte dos professores. Criticar a educação no governo Alair e "esquecer" a gestão do ex-prefeito é uma incoerência brutal. Atacar a educação no governo Alair e "poupar" a gestão Cabral é de uma demagogia vergonhosa. Portanto, é importante os professores ficarem atentos em ano eleitoral. Tem gente que quer apenas voto, sem se preocupar de verdade com a questão educacional.

* Para fechar as rapidinhas de hoje, uma frase satírica do meu camarada, Professor Rogério Carvalho, sempre preciso e objetivo:
" A ignorância, as vezes, é uma benção".

2 comentários :

  1. Vc está certo nesse caso da educação, mas quem tá no governo é Alair e então é ele que tem que ser cobrado agora.

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  2. Leitão, já teve 3 casos em São Gonçalo de linchamento e parece que um era inocente. Isso vai dar merda, esses linchamentos e pancadaria desses grupos.
    Mauro.

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