domingo, 9 de março de 2014

A CRÍTICA COMO ELEMENTO DA CIDADANIA




Um fato que chama a atenção aqui em Cabo Frio, quando se analisa os ‘grupos” que estavam ou estão no poder, é a dificuldade que eles têm em lidar com as críticas que são feitas pelos vários segmentos da sociedade que não compartilham com a forma de como é administrada a cidade.
Na grande maioria das vezes, a resposta que é dada não é em cima dos argumentos utilizados, mas sim, buscando uma tentativa de desqualificar o cidadão que fez as criticas, principalmente, quando a crítica é feita de forma evidente e contundente não deixando dúvidas a razão.

A tentativa de calar a opinião pública exercendo controle sobre as rádios, TVs e jornais, usando para isso o grande poder econômico de maior anunciante é um fato consumado. Mostra a falta de capacidade de dialogar com a opinião contrária e o viés autoritário que vem marcando os últimos governos da nossa cidade.
Alguns “mandatários de plantão” e seus “puxa sacos” beiram ao ridículo, quando alegam que a critica é feita por quem não ocupa nenhum cargo público ou não tem votos, como se o cidadão comum não tivesse o direito e a capacidade de fazer críticas sobre qualquer fato referente à administração pública.

Outro argumento muito utilizado para desqualificar a crítica é dizer que o crítico não tem nenhum “trabalho” realizado em prol da comunidade. O “trabalho” referido é sempre alguma atividade assistencialista, feitas nas brechas deixadas de propósito pelo Poder Público, usurpando a cidadania daquele cidadão mais humilde.
Outros, na falta de qualquer argumento crítico verídico para contradizer, partem para a leviandade e a calúnia, apontando situações inverossímeis, sem qualquer prova ou fato que a justifiquem.

Com a chegada das mídias alternativas ou comunitárias, redes sociais, twiter, e principalmente dos blogs, este contexto crítico legítimo ganhou novos contornos e dificultou para os governantes o uso da força política para esconder fatos e denúncias de nossa população.
Entendo este governo atual como continuidade do anterior. Ambos repetem às mesmas práticas conservadoras, caracterizadas pelo o fisiologismo, o nepotismo e a falta de transparência com a coisa pública. Ambos apresentam uma extensa lista de processos judiciais das mais diversas origens. Ambos apresentam uma evolução patrimonial incompatível com suas “atividades profissionais”, mas diretamente proporcional ao período do exercício do poder. Esta “prosperidade” não é disfarçada por eles em momento nenhum, entretanto, a grande maioria dos eleitores parece não se importar com isso, pelo contrário, aceitam com passividade e naturalidade, pois são eleitos e reeleitos para administrar o “nosso dinheiro”.
De fato, são “vitoriosos” e estão “dando as cartas” e “ganhando o jogo”. Os derrotados somos todos nós.

Portanto, o fato do “novo” governo estar no poder a pouco mais de um ano não o torna imune a nenhuma crítica, até porque Alair Correa já foi prefeito por três vezes da cidade e tem clara responsabilidade sobre a deficiência de políticas públicas em várias áreas essenciais. Noto que a sinalização que ele dá neste início em suas práticas, prioridades estabelecidas e decisões políticas conduzem à mesmice de sempre. É a política das obras faraônicas nas áreas nobres da cidade e dos shows caríssimos que atraem este “turismo de massa” que começa a ser questionado pela população, sem atuar de fato no sentido de reestruturar de forma definitiva as várias áreas da administração pública, principalmente, a saúde e a educação.
O governo anterior do ex-prefeito Marcos Mendes, de triste memória, procedia de forma semelhante.

A política, hoje, infelizmente, vive sob a égide da corrupção e do poder econômico, mas não pode ser motivo de desculpas para cruzarmos nossos braços.
A mudança é possível e os garis esta semana nos deram um grande exemplo de como é possível derrotar o “sistema” por mais forte que ele seja, com luta, firmeza de princípios, perseverança e, finalmente, vitória.
Tudo na nossa vida depende de decisões políticas, usando o sentido mais amplo da palavra. Mesmo aquele cidadão que se sente menos impactado por qualquer decisão governamental tem responsabilidade com o coletivo da sociedade.
Não é possível construir nada sem estes valores.

“Sem liberdade de crítica não existe elogio sincero”.
Pierre Beaumarchais

Cláudio Leitão é economista e membro da executiva municipal do PSOL em Cabo Frio.

3 comentários :

  1. Em Cabo Frio, a reclamação só tem validade para os governantes e "periferia", só quando o reclamante realiza "trabalho" em prol da comunidade? Eu juro que não sabia! E se por um acaso, eu :aferir a pressão arterial, medir a taxa de glicose e cortar cabelos dos moradores em bairros da cidade, vale? Eu hein! É pagode ou não é?

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  2. Tem, inclusive, vereador que fala isso da tribuna : "Gente que nunca fez nada em prol da comunidade". Ou seja, quem tem mandato é que tem obrigação de fazer. Quem faz por caridade não aparece e nem precisa aparecer. Mas é difícil explicar isso para ele.

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    1. Perfeito! Quem tem obrigação de fazer são eles que estão no poder. Cada um faz a sua parte. Por isso, que até hoje nunca votei em vereador. O dia que aparecer um que mereça o meu voto, saiba das obrigações e funções eu voto. Só aparece "ínguas"..

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