quinta-feira, 6 de março de 2014

RADICALIDADES E MUDANÇAS




A palavra radical vem do latim “radicale”, e etimologicamente, deriva da palavra raiz. No campo político “ser radical“ é encarado negativamente por diversos segmentos da nossa sociedade, principalmente, por setores mais conservadores que abominam mudanças que possam abalar seus privilégios. Nós do PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, fundado em 2005, a partir de um grupo divergente do PT, somos muitas vezes, assim carimbados. Lembro da campanha presidencial de 2006, onde a ex-senadora Heloisa Helena recebia os elogios de inteligente, corajosa e honesta, mas era tachada de muito radical. O mesmo aconteceu com Plínio de Arruda Sampaio em 2010.
Guardada as devidas proporções, tal fato, tem se repetido comigo e com os demais companheiros do partido quando participamos do processo eleitoral ou qualquer debate na mídia e nas redes sociais.
Somos militantes da esquerda socialista e opinamos sobre diversos fatos políticos e sociais que ocorrem em nossa cidade, no nosso país e até no mundo, e também recebemos críticas por opiniões consideradas radicais.
Devido nossa formação política e ideológica temos um olhar crítico sobre este modelo neoliberal e globalizante que querem nos impor como verdade absoluta e pensamente único.

O mais engraçado de tudo isso é que grande parte dessas pessoas que fazem críticas, quando perguntadas sobre o atual estado das coisas, principalmente, no campo político, reclamam e pedem mudanças.
Fica a pergunta : Que tipo de mudanças se fazem necessárias ?
É aquela “cara nova” que representa interesses de velhos caciques políticos?
Será que basta uma mudança “meia boca”. Uma “melhorazinha “ aqui e outra ali. Isso atende as nossas necessidades ? Qual a profundidade das mudanças que seriam realmente transformadoras ?
Quem se atreve a responder ?

Ser radical não é ser negativo. É lutar por mudanças que possam atingir a raiz do problema. Encontrar soluções que possam mudar a vida das pessoas para melhor, de forma a impedir retrocessos.
Somos adjetivados como radicais por lutarmos por uma reforma política que possa restabelecer a ética e as boas práticas políticas. Por lutarmos por mudanças no modelo econômico que possam trazer mais igualdade e justiça social. Por combatermos com firmeza à corrupção, um câncer que atrasa o desenvolvimento do país. Por batalharmos pela total transparência no trato com a coisa pública. Por acharmos que o capital humano tem que estar acima do capital financeiro. Que o desenvolvimento tem que estar subordinado a distribuição de renda e a preservação ambiental, respeitando o planeta e as futuras gerações.
No plano municipal, somos radicais por lutarmos contra um modelo de gestão que enriquece há décadas uma elite política em detrimento da maior parte da população que não é atendida com políticas públicas eficazes na saúde, educação, habitação, segurança pública e geração de emprego.
O histórico descaso com o distrito de Tamoios e das zonas periféricas da cidade representa bem a desigualdade desta equação.

No atual estágio não cabem mais meias-medidas. Precisamos de mudanças profundas que só virão com muita luta e participação popular. Precisamos atacar a “raiz“ de todas essas situações, senão, ficaremos no terreno das “melhorazinhas”, dependendo da “ajuda e favores” de quem não quer mudar coisa alguma.
José Sarney, Renan Calheiros, Serra, Paulo Maluf, Dilma, Lula, FHC, Sergio Cabral, Jânio Mendes, Marquinhos, Alair Correa e outros em nosso estado e município se orgulham de não serem radicais, querem que tudo permaneça como está. Querem que você acredite que tudo é assim mesmo e que agentes políticos são todos iguais.
De minha parte, vou continuar sendo radical. Jamais vou estar na mesma trincheira de lutas que eles participam, ora como adversários, ora como aliados, dependendo de seus interesses pessoais ou de grupos. Vou continuar lutando pela cidadania plena e participativa.

A história política de Cabo Frio tem sido uma sucessão de repetições que transitam entre a tragédia e a farsa.
Até quando vamos tolerar esta esculhambação ?


“A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”
Karl Marx



Cláudio Leitão é economista e membro da executiva municipal do PSOL em Cabo Frio.

2 comentários :

  1. Provocado sobre quais mudanças seriam transformadoras,ouso dizer aquelas onde o cidadão exerce plenamente seus direitos;.Onde os cidadãos fossem ouvidos e convocados á opinar e mais, escolher onde ,quais obras seriam executadas,se o reveillon ou aquela creche municipal,se o patrocinio de empresa de transporte e clube de futebol ou politicas educacionais e cursos de capacitação de mão de obra e geração de empregos.Parece simplorio, até porque os discursos pré campanha são sempre tão iguais e prometem isso,a valorização do cidadão.Entretanto há algo podre que nós cidadãos teimamos em não enxergar.As campanhas milionárias,a compra de votos,essas atitudes nos mostram que o candidato deixou de ser independente;ele já não mais fala pelo cidadão,mas representa o empresário dono da empresa de onibus,os donos dos hospitais,a empreiteira que botou milhões na campanha,estarão lá representadas no gabinete,e para eles, os "donos da cidade",é que o prefeito e os vereadores estarão governando.Precisamos nos convencer que politica é como qualquer atividade na vida em sociedade.Necessita participação.A mesma participação,que damos na escolha do time na pelada do fim de semana;ou quando opinamos sobre o final da novela ou quando falamos do preço dos produtos no supermercado A ou B.A omissão e o desinteresse pela vida pública nos custa caro.Falta médico,falta remedio no posto de saúde,faltam escolas bem equipadas,faltam professores concursados e capazes de promover uma educação libertadora (a que promove o cidadão,que lhe traz o conhecimento além do que lhe chega no rádio e na tv);falta uma quadra de esportes com professores na praçinha,falta saneamento básico,e sobra onibus lotado e a falta deles;sobra descaso com as pessoas,sobra marginalidade e violencia,fruto da falta de politicas publicas voltadas para os mais pobres,principalmente.Entretanto,sobram shows,fogos e maquiagens em praças e na orla maritima.Sobram gastos milionários com propaganda e portarias para abrigar os milhares de favorecidos que de alguma forma ajudaram na campanha.Enfim é esse o preço á ser pago.

    ResponderExcluir
  2. Enquanto as pessoas se venderem por um contrato ou uma boquinha qualquer nada vai mudar. Tem gente que é baba ovo mesmo, não vive sem isso, quer só um cadinho do muito que os que mandam de verdade apanham. Não o conheço e não tenho a certeza que você é diferente, mas vou te dar o meu voto na próxima. Vou te observar. Está tudo muito difícil de acreditar.

    ResponderExcluir