segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

ITAOCARA - LEITURAS, DEMÔNIOS E VERDADES




Não poderia haver forma mais didática para exemplificar o que é a política imunda que tem norteado o Brasil: Itaocara. Um prefeito totalmente sintonizado com as questões populares, que foi eleito sem utilizar a máquina da corrupção, nem a cooptação religiosa ou clientelismo que caracteriza essa imundice que é a política no Brasil, tem seu ímpeto de transformação refreado pela oposição que a venal câmara dos vereadores lhe oferece. Como poderiam deixá-lo governar? Um homem que formou seu secretariado pautado na vontade popular em praça pública? Só podiam mesmo tentar massacrá-lo para neutralizar qualquer possibilidade de mudança.
Às vezes me pergunto com quem pode o prefeito contar senão com o povo que o elegeu? Já devia estar claro para esses eleitores que todo vereador que se opõe à projetos cujo objetivo é emancipar a população do jugo político, deve ser considerado o inimigo público com alto potencial destrutivo.
Toda vez que ouço alguém dizer que determinado político que ocupa um cargo executivo não fez nada, não hesito em lançar luz sobre esta questão explicando que o poder de transformação reside no legislativo. Quando os vereadores não querem a transformação, por servirem aos demônios políticos que vampirizam a nossa sociedade, como é o caso de Itaocara, a coisa realmente fica difícil.
Itaocara deve servir de base para a nossa reflexão. As dificuldades enfrentadas pelo prefeito que foi eleito para governar para o povo nos dá uma noção da força que o legislativo possuiu.
Na sua cidade como acontece? A Saúde vai bem? A Educação também? Só não vale responder que tá tudo uma grande merda porque você perdeu sua boquinha. Aí seria muito leviano da sua parte... Os serviços públicos essenciais deixaram de ser essenciais por uma questão de justiça social e agora o são por disputa política. Dane-se a população, se não é o meu grupo quem está no poder eu torço pra tudo dar errado. Isso é de uma crueldade e de animosidade enorme. Isso nos distancia do ideal de humanidade pressuposto nas sendas do humanismo. Isso envergonha a História e mata de desgosto a nossa ancestralidade primata.
Todos que forem criticar o Prefeito Gelsimar deveriam fazê-lo com responsabilidade , levando em consideração um detalhe que hoje não tem feito muita diferença na liberdade irresponsável de expressão: A VERDADE. A câmara de vereadores de Itaocara não quer mudança. Não quer que der certo, pois existe um abismo entre os interesses dos vereadores, seus financiadores e as práticas que poderiam transformar a vida da população.
E a revista Veja? Qualquer cidadão que não possua qualquer limitação cognitiva sabe que a revista é o arauto da perpetuação deste estado de coisas que muito pouco ou quase nada dali se tira de qualidade, sendo inútil até mesmo para recorte em trabalhos escolares. Sem nenhuma serventia social , não poderíamos esperar que fizesse outra coisa a não ser atacar o governo cujos princípios básicos , numa escala nacional, lhe lançaria ao ostracismo.
Agora e você? Perseverante que chegou até o fim deste texto enfadonho e desconexo. Não concorda que muitos preferem se colocar ao lado do poderosos? Se colocar ao lado dos poderosos é muito mais confortável do que escolher o caminho espinhoso em direção ao socorro do oprimidos.Mas não há dignidade nenhuma nisso, só o exercício da individualidade que transforma na prática aqueles que deveriam representar o povo em demônios usurpadores.
Diante de quadros como esse é que realmente a radicalização dos movimentos sociais ganha eco em alguns corações e mentes.....

Prefeito Gelsimar: "O momento exige que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas".


Rogério Carvalho é Professor de História e membro da Executiva Municipal do Psol Cabo Frio.

2 comentários :

  1. " O poder de transformação reside no legislativo'.

    Rogério, sua leitura do papel e do poder do legislativo é absolutamente conflitante com a do Leitão, que acha que o argumento da aliança pela governabilidade é uma farsa e que é possível governar junto ao povo enfrentando um legislativo absolutamente hostil. Um dos dois está errado. Tendo a achar que é ele.

    Na cultura política ocidental o poder executivo é como um bolo e o governo terá apoio quanto mais dividir este bolo com mais forças políticas. Na cultura política deste modelo, criado há pelo menos 3 séculos, o PSOL de Itaocara quer o bolo para si. E pagará o preço do isolamento.

    Tudo isso serve de aprendizado para que se pense alternativas ao modelo de democracia burguesa que ora temos.. Querer participar apenas de parte deste modelo não será a saída.

    A questão de Itaocara é apenas um sinal do que aconteceria em qualquer município do país e chama a atenção para uma coisa muito maior, que é o das alianças fisiológicas, que são a quintessência desta democracia.

    Chamo a atenção também para a implementação de políticas públicas que se desdobrem para além dos clichês de passeatas. Melhorar a saúde e a educação é muito fácil no papel do cartaz, mas, como sabemos por nossa prática, muito difícil de ser implementada, já que outros mil elementos não controláveis estão envolvidos.

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  2. As práticas fisiológicas precisam ser enfrentadas, apesar de reconhecer que o modelo foi criado para que assim funcione. As limitações da governabilidade sempre existirão, mas podem melhorar se houver participação popular. É papel do governante estimular isso. No caso acontecido em Itaocara, onde a Câmara se recusava a aprovar uma suplementação orçamentária para pagar salários dos médicos e comprar remédios, a participação popular se fez presente em frente a Câmara, estimulados pelo prefeito. Ao serem pressionados pelo povo os vereadores tiveram que aprovar a suplementação. Na esfera municipal, o legislativo tem um poder maior de "atrapalhar" se quiser a gestão do executivo. No plano federal, o executivo domina melhor os instrumentos de gestão, que são muito mais amplos e poderosos.

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