sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A CRÍTICA COMO ELEMENTO DA CIDADANIA






Um fato que chama atenção aqui em Cabo Frio quando se analisa os ‘grupos” que estavam ou estão no poder é a dificuldade que eles têm em lidar com as críticas que são feitas pelos vários segmentos da sociedade que não compartilham com a forma de como é administrada a cidade.
Na grande maioria das vezes, a resposta que é dada não é em cima dos argumentos utilizados, mas sim, buscando uma tentativa de desqualificar o cidadão que fez as criticas, principalmente, quando a crítica é feita de forma evidente e contundente não deixando dúvidas a razão.
A tentativa de calar a opinião pública exercendo controle sobre as rádios, TVs e jornais, usando para isso o grande poder econômico de maior anunciante é um fato consumado. Mostra a falta de capacidade de dialogar com a opinião contrária e o viés autoritário que vem marcando os últimos governos da nossa cidade.
Alguns “mandatários de plantão” beiram ao ridículo, quando alegam que a critica é feita por quem não ocupa nenhum cargo público ou não tem votos, como se o cidadão comum não tivesse o direito e a capacidade de fazer criticas sobre qualquer fato referente à administração pública.
Outro argumento muito utilizado para desqualificar a crítica é dizer que o crítico não tem nenhum “trabalho” realizado em prol da comunidade. O “trabalho” referido é sempre alguma atividade assistencialista, feitas nas brechas deixadas de propósito pelo Poder Público, usurpando a cidadania daquele cidadão mais humilde.
Outros, na falta de qualquer argumento crítico verídico para contradizer, partem para a leviandade e a calúnia, apontando situações inverossímeis, sem qualquer prova ou fato que a justifiquem.
Com a chegada das rádios e TVs alternativas ou comunitárias, redes sociais, twiter, e principalmente dos blogs, este contexto crítico legítimo ganhou novos contornos e dificultou para os governantes o uso da força política para esconder fatos e denúncias de nossa população.
Entendo este governo atual como continuidade do anterior. Ambos repetem às mesmas práticas conservadoras, principalmente, a falta de transparência. Portanto, o fato de estar no poder há apenas 7 meses não o torna imune a nenhuma crítica. Noto que a sinalização que ele dá neste início em suas práticas, prioridades estabelecidas e decisões políticas conduzem à mesmice de sempre. É a política da “melhorazinha”, sem atuar de fato no sentido de reestruturar de forma definitiva as várias áreas da administração pública, principalmente, a saúde e a educação.
Por exemplo : Por que o governo atual se recusa a divulgar o quantitativo de contratados e concursados ? Por que o site da transparência é tão pouco abrangente? Qual a prioridade de uma obra na praia neste momento?
Existem várias outras perguntas que poderiam ser respondidas se houvesse de fato interesse na transparência da coisa pública.
O governo anterior, de triste memória, procedia da mesma forma.
A política, hoje, infelizmente, vive sob a égide da corrupção e do poder econômico, mas não pode ser motivo de desculpas para cruzarmos nossos braços.
Tudo na nossa vida depende de decisões políticas, usando o sentido mais amplo da palavra. Mesmo aquele cidadão que se sente menos impactado por qualquer decisão governamental tem o dever social de ter responsabilidade com o coletivo da sociedade. Não é possível construir uma nação sem estes valores.

“Sem liberdade de crítica não existe elogio sincero”. Pierre Beaumarchais

Cláudio Leitão é economista e membro da executiva municipal do PSOL em Cabo Frio.

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