sábado, 7 de setembro de 2013

O TEMPO DAS GRANDES MANIFESTAÇÕES





As vésperas da Semana da Pátria é visível que estamos todos frustrados, humilhados e indignados. Frustrados por que após mais de vinte anos de luta contra um inimigo que nos tomou a liberdade, a ditadura militar de 64, e depois de termos conseguido um novo regime verificamos que o que foi construído através de uma nova Constituição não se materializou da forma que esperávamos.
A geração que chegou ao poder em todos os níveis, se mostrou incapaz de romper as amarras de um pais injusto, profundamente desigual e opressor .A política tradicional e os partidos políticos, elementos nobre da humanidade desde a Grécia Antiga, transformou- se meramente em um negócio, tornando órfão o cidadão que não vê mais nela um instrumento de mudança .
Pelo contrário, na sua maioria ele a rejeita e vê os políticos como inimigos da nação. E a geração que está no poder, que entregou sua juventude na luta pela liberdade tem uma grande responsabilidade nesta frustração. Tomada pela lógica do “jogo do poder”, tornou-se prisioneira das práticas que ela queria mudar na luta contra os ditadores. E, nesse sentido, não é mais um espelho para os jovens que buscam nas ruas um novo caminho.
Humilhados e envergonhados por aqueles que se arvoram em seus representantes, eles se mobilizam da forma que conhecem , se chocam com a força policial nas ruas e sofrem a violência do Estado que os caçam , prendem e arrebentam , utilizando as suas interpretações das leis para jogá-los nas cadeias como simples marginais. É o Tacão inexorável do Estado, mostrando a sua verdadeira face. E o que é bizarro nisto tudo é que esta repressão é comandada por governantes que sofreram em outros tempos a violência dos militares.
Sem ver um projeto nação delineado à longo prazo para o país, olhando uma crise capitalista que cada vez mais se aproxima dele, sem perspectivas e segurança para o futuro se desesperam e lutam.Tornam-se insurgentes!
Próprio da juventude e que foi esquecido pela geração de políticos que estão no poder, colocam em pratica seus conceitos libertários, vivendo nas ruas as experiências que jamais irão esquecer. Há dias que valem por cem anos!
Pouco a pouco, estão aprendendo o quanto é forte a força do Estado e que enfrenta-lo individualmente poderá levar a luta ao isolamento e a derrota. Na prática aprendem que só os grandes movimentos da população podem enfrentar a violência instaurada pelos governantes.
Mais dia, menos dias, as balas de borrachas serão substituídas por balas letais, e os movimentos irão chorar os seus mártires como já o fazem os jovens das periferias .
Não nos esqueçamos que no passado, as passeatas deixaram de existir quando invariavelmente os fuzis policiais ceifavam as vidas de seus participantes, o que empurrou os jovens daquela época para a luta armada.
O Estado brasileiro é tradicionalmente violento e sanguinário e acuado como está,logo, irá aumentar a repressão, como já está fazendo, criminalizando os Movimentos Sociais. Está aberta a temporada de caça aos lideres dos Movimentos e a tentativa de desarticulação de suas organizações e isolamento do conjunto da população. Nada que já não tenha sido feito antes!
À violência do Estado à juventude deve liderar a população para manifestações pacíficas, firmes e cidadã. Esta é a única forma de derrotá-los. Não devemos subestimá-la como forma de luta. Foi através dela que Gandi liderou a Índia para a independência. Ela é a forma mais eficiente de derrotar o desmoralizado Estado corrupto.
A força das armas e da prepotência da justiça não poderão subjugar um povo resoluto e determinado. A coragem se faz com o pacifísmo que agrega e amedronta o poder.
Estamos enfrentando um sistema sem sujeitos e a mera nomeação de inimigos não nos levará à vitória, pois o sistema os substituirá dizendo estar solidário com os manifestantes, e as coisas continuarão como antes. Políticos desgastados sairão de cena. Outros virão com mais força e repressão. É necessário então um mudança radical.
O sentimento de indignação que subistitui a humilhação e o medo, que não é só dos jovens brasileiros mas de toda população, deve se materializar em gigantescas manifestações pacíficas que certamente irão evoluir para a desobediência civil e do boicote econômico, que se materializarão através de uma pauta mínima, discutida nas Assembléias Populares que substituirão os desmoralizados parlamentos.
A Semana da Pátria será o espaço para esse teste de construção deste novo momento da vida brasileira, dando continuidade ao que já houve nas manifestações de junho.
Para as ruas, então!

Arlindenor Pedro é Professor de História.

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